Parte do PT de São Caetano insiste para que o prefeiturável da sigla, vereador Edgar Nóbrega, desista da eleição por conta do vídeo divulgado semana passada em que o candidato da oposição teria negociado apoio ao governo no Legislativo em troca de R$ 100 mil para se eleger presidente do PT, em 2009, além de outros recursos financeiros e cargos.

Na gravação que vazou na internet, a conversa ocorreu com o então secretário de Governo da Prefeitura, Tite Campanella (DEM), que pediu exoneração anteontem. O diretório petista, com cerca de 30 integrantes, tem reunião agendada para amanhã para definir o futuro da candidatura de Edgar.

Esse grupo é ligado ao ex-presidente da sigla e candidato a vereador Ricardo Rios. A ala tem mantido contato com dirigentes do PT estadual e nacional para analisar a amplitude do caso, que tem ganhado repercussão na mídia.

Apesar da pressão, o prefeiturável só deixa o páreo se assinar desistência. Em discussões, petistas cogitam a substituição de Edgar até mesmo pelo vice, Santo Crociari (PT), para que a chapa proporcional prossiga na disputa. "Não é um cavalo de batalha, mas a situação é delicada e achamos prudente apresentar posições", disse Rios.

Edgar se licenciou da presidência do partido anteontem a pedido dessa ala. Márcio Della Bella assumiu o posto.

PTB e PT juntos - Cerca de 150 pessoas lotaram os assentos da Câmara para assistir às justificativas dos vereadores envolvidos no vídeo que tratou de suposto ‘mensalinho' na Casa em troca de apoio ao governo José Auricchio Júnior (PTB). Edgar e os petebistas Paulo Bottura e Gérsio Sartori, citados na gravação como intermediários do negócio entre o petista e o ex-secretário, proferiram discurso uníssono para justificar as imagens divulgadas na internet.

Edgar foi o primeiro a utilizar a tribuna e repetiu argumento de que a gravação foi conduzida por Tite para evidenciar crime e editadas criminosamente pelo candidato a vereador do PcdoB Eder Xavier, que divulgou o vídeo na internet. O prefeiturável foi vaiado e parte dos espectadores viraram de costas para o plenário. "A minha conduta sempre foi clara e é verdade que à época (meados de 2009) era difícil (financeiramente para ele). Afinal, quem não tem defeitos?", disse, ao assumir equívoco de confiar na pessoa errada e dizer o que pensa.

Bottura iniciou sua fala citando a sindicância aberta por Auricchio para averiguar o caso. O vereador questionou o principal adversário do governo na disputa pelo Paço, Paulo Pinheiro (PMDB), sobre a existência do ‘mensalinho'. "Nunca houve isso nessa Casa, houve, vereador Paulo Pinheiro?" O peemedebista respondeu que não. Sartori sugeriu que a pergunta fosse feita a todos os parlamentares e também foi vaiado. Bottura também considerou o vídeo armação.

Eder Xavier, que havia prometido pedir abertura de CPI, recuou por falta de apoiadores à petição. "Tenho 182 assinaturas e quero chegar a 1.000. Na próxima sessão eu volto", afirmou o comunista, que reclamou da ausência de tribuna livre no Legislativo para a população se manifestar.