Cães e gatos abandonados são acolhidos e tratados com carinho por Cristina Soto Espinosa
Amparar os mais frágeis, que só conseguem expressar suas necessidades com o olhar. É essa a missão da representante comercial Cristina Soto Espinosa, 30 anos, moradora do Jardim Alto da Boa Vista, em Mauá, ao acolher dezenas de animais desamparados, tratar deles e buscar alguém que lhes proporcione vida nova.
“Esse bairro é área de manancial e antes as ruas eram de terra. Havia várias chácaras com vaca, cavalo, galinha, animal para todo lado. Então, cresci com esse contato direto com os bichinhos”, destaca.
Cristina não mede esforços para salvá-los, sejam eles do porte que forem. “Já resgatei galo cego de rinha, dando grãozinho em grãozinho de milho para ele sobreviver. E quando tinha 13 anos, trouxe um cavalo para casa, que estava apanhando de uns meninos. Cuidei e depois fui batendo de chácara em chácara até achar o dono”, lembra.
Hoje, o resgate mais comum é de cães e gatos. Em sua casa, ela abriga dez felinos (a maioria filhotes) e dois cachorros. Como em grande parte das vezes os bichos estão maltratados ou doentes, Cristina os cerca de todos os cuidados para, sadios, serem adotados. Estando nesta condições, eles vão para uma chácara em Ouro Fino Paulista, na vizinha Ribeirão Pires, onde aguardam um lar. Atualmente há 110 cães nesse local. “Pago a estadia dos que estão prontos para a adoção, já vacinados e castrados. Para mantê-los são R$ 150 mensais por bicho.” A despesa chega a R$ 16,5 mil por mês.
O dinheiro que envolve a tarefa de proteger os animais é obtido com a ajuda de amigos e desconhecidos que se compadecem com a causa. Graças às redes sociais, na internet, postagens dos resgates são multiplicadas em compartilhamentos que ora resultam em adoção, ora em doações financeiras para auxiliar nas despesas.
Cristina ressalta que o trabalho social sempre lhe atraiu e explica por que em meio a tantas opções de atuação, escolheu os seres de quatro patas. “A gente está aqui neste planeta para auxiliar os mais fracos. Poderia estar ajudando asilo, criança, mas já tem bastante gente fazendo isso, então, decidi pelos animais, porque eles também precisam de apoio.”
Projeto esportivo auxilia comunidade
Mais que lazer, as aulas de futsal oferecidas gratuitamente pelo vigilante Paulo César Ferreira, 43 anos, a crianças e adolescentes do Jardim Alto da Boa Vista tem o objetivo de educar e proporcionar qualidade de vida aos jovens moradores de uma das áreas mais carentes da cidade.“Sempre gostei de ajudar as pessoas e esse projeto é para formar cidadãos de bem e afastá-los das drogas”, fala.
Paraibano de João Pessoa, começou a dar aulas para a meninada em 1987, como auxiliar de treinador no Parque Novo Mundo, em São Paulo.
Em 1995, quando vim morar no Alto da Boa Vista, conheci um rapaz chamado Marcelo Boy e, ao saber do meu trabalho, ele propôs o projeto Futuros Craques Futsal e eu topei”, conta ele, que foi contemplado com o título de cidadão mauaense, no ano passado, pelo serviço prestado à comunidade.
Cerca de 80 crianças e jovens entre 7 e 17 anos são treinados por Ferreira, em aulas realizadas aos sábados em quadra que pertencia à Escola Municipal Francisco Ortega. A paixão pelo esporte e por ensinar a garotada é o que move o treinador, pois se dependesse das condições precárias em que se encontra o espaço, não haveria estímulo. A quadra era coberta, porém, temporal que assolou o município há dois anos destruiu o telhado e a área ficou a céu aberto desde então. Além disso, os alambrados estão destruídos e há muito lixo espalhado pelo local. Ferreira conta que já enviou diversos ofícios à Prefeitura pedindo melhorias, mas nunca teve retorno. “Meu sonho é ver esse lugar consertado”, fala.
Procurada, a Prefeitura de Mauá informou que a quadra foi isolada para não ser usada pelos alunos da escola, mas apenas pela comunidade, conforme acordo com a Associação de Moradores, que havia assumido a manutenção. Sobre as condições do local, a administração disse que a Secretaria de Serviços Urbanos fará vistoria técnica para identificar as necessidades e incluí-la na programação de ações de serviços.
Morador dribla falta de Segurança
Carro estacionado na Rua Estevam Gallo, no bairro Alto da Boa Vista, chama a atenção de quem passa. O Ipanema está acorrentado a uma barra de ferro e ao poste. Essa foi a maneira que o motorista Tiago da Silva Nascimento, 28 anos, encontrou para evitar ter mais um automóvel roubado (ele perdeu dois veículos em cinco meses).
Todos os dias ao chegar do trabalho, ele faz a operação, além de retirar o sistema de fusível e de ignição de gás e proteger o câmbio com uma trava.
“Moro de aluguel e a garagem da casa é usada pelos moradores da parte de baixo, então, tenho que deixar meu carro na rua. Como já levaram dois veículos meus durante a madrugada, o jeito foi criar esse aparato para dificultar a ação dos bandidos”, fala o rapaz.
O forte esquema de segurança desafia a ousadia dos criminosos de plantão e assegura ao dono que, no dia seguinte, encontrará seu veículo intacto, esperando-o para mais um dia de trabalho.
Crianças têm festa garantida todo ano
O dia 12 de outubro, quando celebra-se o Dia da Criança, é o mais aguardado do ano pela garotada do Jardim Alto da Boa Vista. Há três anos, o bairro recebe, na Rua Henrique Martins, animada festa dedicada a elas, regada a guloseimas e muita diversão – tudo gratuitamente.
O evento é realizado pelo rebarbador Anderson Silva Novaes, conhecido como Binho, 41 anos, e outros dois amigos. Anualmente, cerca de 300 pessoas passam pela festa ao longo do dia e a organização conta com autorização da Prefeitura para interdição da via.
“Eu era da diretoria de um time de futebol do bairro, junto com outras duas pessoas, o Márcio e o Aristides, e antes só fazíamos churrasco para os adultos. Aí, quisemos contemplar as crianças com algum evento. Saímos nos comércios em busca de apoio e conseguimos doação de mais de 500 pães para fazer lanches e 200 litros de refrigerantes, além de brinquedos infláveis, piscina de bolinha e cama elástica. O sucesso da festa foi tanto que, desde então, não tem como parar”, fala Binho, orgulhoso por ajudar a proporcionar um momento de lazer para a comunidade.
“Esse bairro não tem nada, as pessoas precisam buscar alegria em outros lugares e, muitas vezes, os pais não têm condições financeiras de levar os filhos para passear, então, as famílias e as crianças aguardam essa festa que, para nós, é um prazer fazer.”
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