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Japoneses adquirem malícia brasileira

Jovens atletas treinam por duas semanas em São Bernardo e aprendem sobre o futebol e cultura

Thiago Postigo Silva
Do Diário do Grande ABC
20/08/2012 | 07:00
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Vinte e quatro jovens japoneses entre 13 e 15 anos passaram as duas últimas semanas na região e cidades vizinhas aprendendo um pouco mais sobre o futebol brasileiro. Mas não apenas o esporte chamou atenção. A cultura do País também foi algo que prendeu e despertou interesse dos sonhadores samurais em busca de ser ídolos locais.

A experiência no Brasil aconteceu graças a Francisco Kazutoshi Yamaguchi, ou simplesmente Kazu, 50 anos, que nasceu e morou em São Bernardo até 1987. Ex-jogador de futebol, com passagem pelo Palestra São Bernardo, ele trabalha com crianças do clube Fukuyama, que fornece jogadores aos times profissionais.

As partidas foram realizadas com vários clubes amadores de São Bernardo e, inclusive, com a própria equipe das categorias de base do Tigre. Santos, Santo André e Diadema também foram adversários dos japoneses, que retornam para casa amanhã.

Na bagagem, levam experiência inesquecível ao Japão. "Nossos jogadores são muito infantis e aprenderam um pouco da malandragem, melhor, a malícia - essa palavra é melhor - dos brasileiros. Nesse ponto, eles aprenderam muito", destacou Kazu. "Fora dos campos, o que chamou atenção foram as favelas. Eles também ficaram impressionados com o número de prédios. Não pensavam existir tantos", completou.

Um dos mais habilidosos do grupo, o meia Nakomoto Takami, 15, ficou espantado com a torcida do Corinthians. Eles acompanharam a partida do Timão contra o Internacional, no Pacaembu, quinta-feira.

"Eles vibram muito e são fanáticos demais. Nunca tinha visto isso antes", elogiou. Porém, o grupo deixou o estádio ao fim do primeiro tempo com medo de algumas ameaças de torcedores.

Para Funamura Seiya, 15, o desejo é um dia conseguir atuar no futebol brasileiro. "Estamos aprendendo muito no Brasil. Quem sabe um dia eu não jogue aqui?", disse o adolescente. "O jogador que mais admiro é Neymar."

Se eles aprenderam bastante, o Brasil também tem muito a instruir-se com os japoneses. Segundo Kazu, todos os jovens vão para as escolas estudar e jogar futebol.

"Eles vão treinar em escolas, onde ganham bolsa de estudo. Ao menos o futuro deles está garantindo nos estudos. Lá, todos os colégios têm campos no tamanho original, o contrário do Brasil, que conta com escolinhas de futebol", comparou Kazu. "O mais importante foi essa troca de culturas."

 

Volta ao País faz Kazu relembrar o passado no Grande ABC

O retorno ao Brasil proporcionou a Kazu referência a um tempo que fica cada vez mais no passado. Ele fez o caminho inverso de seus pais e deixou o Brasil para morar no Japão, no longínquo 1987, e nunca mais voltar definitivamente.

Ex-morador do Bairro Assunção, ele recordou os bons tempos em que jogava bola nos campos do Triângulo, clube que defendeu. "Éramos bons, eu gostava de dar chapéus nos caras. Vivíamos jogando bola", relembrou. "Cheguei a disputar uma edição dos Jogos Regionais por São Bernardo. Não recordo o ano, mas sei que foi em Ribeirão Pires", ressaltou.

Pela identidade com São Bernardo, ele preferiu escolher a cidade como principal local do intercâmbio. "Conheço todo mundo aqui. Não tinha motivo para escolher outro lugar", justificou.

Ele explicou que preferiu mudar ao Japão porque o futebol local estava crescendo. "Hoje sou feliz lá. Joguei até os 32 anos (1994) por alguns clubes e depois passei a trabalhar com jovens desde então", explicou.

 

 




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