Cultura & Lazer Titulo Domingo
Teatro itinerante e gratuito

Peça ‘A Gira da Rainha’ conta história de Maria Padilha, domingo, em São Paulo

Por Vinícius Castelli
06/06/2014 | 07:00
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O espaço é de acessibilidade pública e, o espetáculo, itinerante, enquanto o palco é montado em cima de uma carreta de 11 metros de comprimento. É dessa forma que a Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes estreia o espetáculo gratuito A Gira da Rainha, que toma conta do Parque da Luz, em São Paulo, no domingo, a partir das 11h.

Com texto de Luiz Oliveira Santos e Alex Moletta, e direção assinada por Ednaldo Freire, a comédia épico-musical mergulha na vida de Maria Padilha, que foi amante do rei Dom Pedro I de Castela, na região da Espanha.

No palco, quem se encarrega de dar vida aos personagens que ilustram a história são os atores Aiman Hammoud, Mirtes Nogueira, Roberto Barbosa, Carlos Mira, Mariana Rosa, Fabio Takeo e Daniela Theller.

A história remonta ao período do ano 1.350 e vai muito além: fala da história de Maria Padilha depois de sua morte também, uma história que já dura mais de 600 anos. “Para quem conhece, ela virou a pombagira no candomblé brasileiro. Era uma aristocrata que se tornou uma entidade”, explica o diretor da obra.

A história rendeu interesse como objeto de estudo da cultura popular e um profundo mergulho na pesquisa a respeito de sua vida. Freire conta que o que mais chamou a atenção é da personagem como mito popular, o momento em que ocorre a transformação de Maria Padilha para a entidade.

Freire conta que levou sete meses para aprontar o espetáculo. Eles começaram do zero. “Partimos de uma personagem da qual não conhecíamos nada. Ouvimos especialistas, gente do candomblé e estudamos um trabalho acadêmico a respeito dela. Utilizamos muito também o material do antropólogo Darcy Ribeiro. É um texto sob a luz da história e não da religião. Essa trajetória de Maria Padilha nos interessou muito, pois temos um projeto que estuda e pesquisa a cultura popular”, diz Freire.

Além da curiosidade acerca dela e de quem se tornou, o diretor conta que outro ponto importante no texto é o fato de tratar da ambiguidade de um mito marginal, “uma santa às avessas”. A história conta que o rei deveria se casar com a francesa Dona Blanca de Bourbon. Segundo a lenda, Maria Padilha enfeitiçou o rei de alguma forma.

“Maria Padilha era toda sensual. A peça propõe a reflexão sobre a condição feminina em contraposição ao universo patriarcal. Mostra a luta feminina daqueles tempos, a provocação que ela fez em uma época em que a Igreja era dominadora”, explica Freire.

Envolvidos pelas roupas de época, os personagens narram a saga com humor. “Contamos a história em duas partes, a primeira fala dela na Europa. A outra já como pombagira. Uma portuguesa veio ao Brasil nos anos 1800 e trouxe essa entidade consigo”, afirma o diretor.

O diretor conta que um cuidado que a equipe teve ao montar a peça foi o de que o trabalho não tivesse envolvimento religioso e tentasse trabalhar no texto de forma profana. “Foi difícil não pender para o lado religioso, pois ela é forte no candomblé”, diz Freire. De acordo com ele, a obra é baseada na história e em como essa personagem histórica se transforma em mito. “Nem as músicas do candomblé nós usamos. Uma trilha sonora foi composta para a peça”, diz.

O espetáculo foi contemplado com o Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo e roda pelos parques paulistanos até o dia 12 de outubro, sempre aos domingos, às 11h. O Parque do Carmo é a parada do dia 15. Parques do Ibirapuera, Independência e da Aclimação também estão na agenda.

A Gira da Rainha – Teatro. Domingo, às 11h. No Parque da Luz – Praça da Luz. Tel.: 3227-3545. Grátis. 




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