Munícipe de Rio Grande da Serra é bastante conhecido por atuação em várias atividades
A Vila Figueiredo, em Rio Grande da Serra, abriga um morador muito conhecido não só no bairro, onde vive há três décadas, como em qualquer canto da cidade. O funcionário público aposentado Ataíde dos Santos, 60 anos, é um homem multifaces e, por atuar nos mais variados segmentos no município, ganhou tanta popularidade.
Uma dessas atuações vem desde a adolescência: a participação em fanfarras escolares. “A primeira que participei foi na EE Cassiano Ricardo, aqui na Vila Figueiredo, quando tinha uns 13 anos. Fui me interessando por isso e comecei a desempenhar trabalho voluntário como instrutor. Foi a forma que encontrei de tirar as crianças e jovens das ruas, fazer com que tenham ocupação”, afirma.
Após passar por escolas em vários pontos da cidade, Santos agora transmite seus conhecimentos a 40 alunos, com idade entre 9 e 14 anos, da EE Shizuko Ioshida Niwa, no bairro Pedreira. As aulas ocorrem às segundas-feiras, das 13h às 16h. Geralmente, a fanfarra se apresenta no desfile cívico em comemoração ao aniversário da cidade, celebrado no dia 3 de maio. “Mas também fazemos algumas apresentações aos fins de semana na própria unidade escolar, dentro do Programa Escola da Família, para os pais conhecerem o trabalho que está sendo desenvolvido com as crianças”, lembra.
Lidando com geração diferente da sua, ele passa aos jovem valores preciosos. “Ressalto sempre a força da união e falo para eles que estou aqui como instrutor, mas sem eles não consigo fazer nada, tem que ter a parceria e colaboração de todo mundo”, afirma ele, completando: “Mesmo que não esteja ganhando nada financeiramente, sei que esse trabalho dá oportunidade às crianças e jovens de mostrarem seus talentos, e isso é muito gratificante.”
Ainda contribuindo para a formação dos cidadãos, Santos atua no Grupo Escoteiro Rio Grande da Serra. “É um movimento onde se aprendem regras e no qual é dado rumo às pessoas”, diz.
Revelar a beleza das jovens da cidade também consta como missão de Santos. Ele é o idealizador do concurso de Miss Rio Grande da Serra, que ocorre desde 1984. De lá para cá, o evento só não foi realizado quatro vezes. “O prefeito da época (Willian Valério Ramos) queria algo inédito no município e eu, em conjunto com duas outras pessoas que trabalhavam na Prefeitura, tive a ideia do miss. Porém, esses profissionais saíram do Executivo e toquei o projeto”, fala ele, que hoje colabora na busca de patrocínio e premiação para as três primeiras colocadas. O próximo concurso será no dia 31, às 19h30, no Ginásio Municipal de Esportes.
Mesmo com todas essas atribuições, Santos atua ainda como presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança). Uma vez por mês, ele e a diretoria do conselho se reúnem com representantes da polícia e da sociedade civil para discutir os problemas da área. “Estamos reivindicando um plantão policial, pois, aos fins de semana, as ocorrências precisam ser registradas em Ribeirão Pires. Mas, felizmente, Rio Grande da Serra ainda é uma cidade não tão violenta”, opina.
Todos esses trabalhos lhe renderam reconhecimento. “Vou com a minha mulher na feira livre e ela tem que ir na frente, porque vou parando para cumprimentar as pessoas”, brinca Santos, contemplado no início do mês com o título de cidadão rio-grandense da serra (ele nasceu em Ribeirão Pires, mas chegou ao município ainda bebê). “A gente não deve estar neste mundo só para dizer que veio, mas para mostrar o que podemos fazer para melhorá-lo.”
Alfaiataria garante elegância no bairro
Entre os mais variados comércios da Vila Figueiredo, há um clássico estabelecimento que já não é mais tão comum de se ver por aí: uma alfaiataria.
Há 12 anos, Vagner Bella, 50, é proprietário da oficina de costura, localizado na Rua José Maria de Figueiredo, que produz roupas masculinas na medida certa. “Desde os 10 anos atuo na área, quando aprendi o ofício com o meu pai. Depois, aprimorei o corte com um alfaiate muito bom em São Paulo, que deu até aula no Japão”, relata.
A maior parte da clientela é composta por noivos e evangélicos. “As pessoas não acham uma roupa que caia bem para o seu gosto e vêm aqui. Faço muitos ternos.”
Com grande demanda de pedidos e conciliando a alfaiataria com serviços de conserto e lavagem de roupas, a entrega do vestuário pode levar até 30 dias. O preço do paletó com a calça chega a R$ 600.
Durante a manhã, ele conta com o auxílio da mulher e, à tarde, fica só, concentrado em tecidos, tesouras e máquina de costura. “Faço tudo bem feitinho, um trabalho cuidadoso, centímetro por centímetro.”
Projeto estimula empreendedorismo sustentável
Espécie abundante em Rio Grande da Serra, a bananeira é destaque na Rua dos Autonomistas, 357. Lá está sediado o projeto Fibras da Serra, que desenvolve, a partir da fibra da planta, série de objetos que contribuem não só com a renda familiar dos artesãos que os produzem, mas também com o meio ambiente.
A iniciativa começou a ser projetada em 2005, quando a empresa Solvay Indupa – do ramo de produtos químicos e instalada nos arredores – fomentava dentro da comunidade a discussão sobre as questões ambientais locais e propunha trabalho em conjunto. Um dos temas mais levantados era a necessidade de formação profissional para geração de renda.
A decisão foi de usar a fibra de bananeira, uma vez que seu pseudocaule é descartado depois de frutificar, constituindo-se em resíduo orgânico, mas que pode ser utilizado para a produção de arte e artesanato. Apostando na ideia, a Prefeitura cedeu o terreno e a Solvay construiu a área com financiamento do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
“A cidade não tem praticamente nada (na questão de oportunidades de trabalho), então, esse projeto ajuda muito na complementação de renda”, garante Maria Aparecida Machado Fasetti, 60 anos, colaboradora da Associação Fibras da Serra, que já presidiu por quatro anos.
A artesã conta que é possível extrair até seis tipos de fibras da bananeira. A primeira é chamada de filé, utilizada para artesanatos mais finos. Com o clima serrano, a secagem da matéria-prima conta com o auxílio de uma estufa para acelerar o processo.
A variedade e beleza dos produtos enchem os olhos. “Fazemos bolsas, cestas, bijuterias, esteiras, artigos de decoração e até cartões, cadernos e agendas com papel feito de fibra de bananeira”, lista Maria Aparecida. Os preços variam de R$ 3, como chaveiros, até R$ 300, como uma reprodução da imagem da Santa Ceia.
O projeto conta com oito artesãos fixos que produzem peças para o bazar local, além de venda externa e em feiras. Oficinas gratuitas para aprendizagem artesanal com a fibra de bananeira são promovidas diariamente.
O trabalho de qualidade ultrapassou os limites da cidade e chegou à França. “Fui dar uma palestra na USP (Universidade de São Paulo) e lá tinha uma moça que a mãe dela trabalhava em empresa de perfumaria. Eles entraram em contato e fizemos cerca de 400 caixinhas para embalar perfumes”, conta Maria Aparecida.
Mesmo sendo produtos feitos com matéria-prima 100% natural e, por isso, perecíveis, a artesã garante que a durabilidade das peças feitas com fibra de bananeira depende de zelo. “Se cuidar bem, colocando no sol de vez em quando, terá o produto intacto por muitos anos.”
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