Economia Titulo Cenário
Preço baixo do carro zero
faz fechar lojas de usados

Com a redução do IPI para os carros zero-quilômetro, lojas da
região registram queda de até 50% e muitas fecham as portas

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
14/08/2012 | 07:01
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A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os carros novos derrubou as vendas de veículos usados no Grande ABC e levou muitos lojistas a fecharem a portas.

A comercialização dos usados na região caiu em torno de 40% a 50% nos últimos dois meses em relação ao volume vendido antes da redução do IPI para os zero-quilômetro, medida do governo federal que entrou em vigor dia 22 de maio.

Com o tributo menor, os carros novos ficaram mais baratos cerca de 10%. Com isso, a queda das vendas dos seminovos era previsível, afirma o presidente do Sincodiv-SP (Sindicato das Concessionárias e Distribuidoras no Estado de São Paulo), Octávio Vallejo. "Os preços ficaram muito próximos dos do carro zero-quilômetro", afirma.

Isso obrigou os revendedores independentes a reduzirem, em média, em 10% seus preços. "O mercado ficou confuso, isso afetou o valor do usado também", afirma a comerciante Claudia Telles Destro, que tem loja do setor. Dessa forma, empresas do segmento que tinham, por exemplo, cerca de R$ 100 mil de capital em carros em seu showroom, passaram a ter, de um dia para o outro, R$ 85 mil.

As vendas em queda e os estoques elevados fizeram com que 4.500 estabelecimentos fechassem as portas no País, entre março e julho, segundo dados da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores). Na região, apenas como exemplo, um shopping de carros que contava com 56 lojas viu cinco delas, quase 10%, encerrarem operações no período.

O fechamento das revendas ocorreu porque, com a queda dos preços, os comerciantes não conseguiram vender os carros adquiridos antes da medida do governo e ainda ter lucro, explica Stephan Keese, sócio-diretor da consultoria Roland Berger. "Esse é um grande problema, um desafio para a rentabilidade das concessionárias", afirma.

Muitos consumidores também se assustaram, ao tentarem oferecer seus automóveis como parte do pagamento. Marcel Ricardo Cano e a mulher, Roseli, que moram em Rio Grande da Serra, estavam ontem em um centro de compras de carros usados em Santo André. Ele tem um Ka 1.6 ano 2003, e pedia R$ 14 mil pelo modelo. "Estão oferecendo só R$ 10 mil, aí fica difícil".

FINANCIAMENTO - Além do incentivo do governo aos novos, as restrições dos bancos para a aprovação de fichas cadastrais na compra financiada também atrapalharam a vida dos lojistas independentes.

Vendas sem entrada não são mais aprovadas e os prazos também encurtaram: no máximo, 48 meses. As restrições têm ocorrido até quando a pessoa teve nome sujo no passado, mas já regularizou sua situação cadastral, afirma Antonio Carlos de Oliveira, dono de uma revenda multimarcas.

Dessa forma, mesmo revisando para baixo seus preços, os lojistas dizem que a situação está mais difícil do que no início do ano. "Os bancos não estão aprovando a ficha dos clientes", diz o vendedor Ademir da Silva.

PERSPECTIVA - O IPI reduzido para os carros novos termina dia 31. No entanto, há quem acredita que pode haver novo adiamento no fim do incentivo. Mas, mesmo que isso não ocorra, Keese avalia que os preços dos usados não voltarão mais aos níveis de antes do incentivo tributário, em maio.(com ABr)




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