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As curtas pernas da mentira

A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que a empresa perdeu US$ 530 milhões com a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos

Carlos Brickmann
16/04/2014 | 00:27
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A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que a empresa perdeu US$ 530 milhões com a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos. “Definitivamente não foi um bom negócio.” O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli acha que foi um bom negócio e que a refinaria de Pasadena dá lucro. São duas opiniões, de duas pessoas que têm experiência no negócio. São opiniões divergentes; mas numa democracia é normal a divergência de opiniões.

Só que números são números. Segundo Gabrielli, a Petrobras pagou US$ 486 milhões pela Refinaria de Pasadena. Segundo Graça Foster, a Petrobras pagou US$ 1, 25 bilhão.
Há diferença de valores, entre o ex-presidente e a presidente atual, de US$ 764 milhões. Número não é opinião, não admite divergências. No caso de Pasadena, um dos dois está errado – muito, muito errado.

Diz a regra do jogo político que, antes de mentir, é preciso combinar direitinho com os demais participantes, para que todos mintam a mesma mentira. Essa precaução elementar foi esquecida: a diferença de um número para outro é escandalosa, tão escandalosa que não pode ser explicada como simples engano. Alguém está querendo enganar a opinião pública. Sem entrar no mérito da questão, já que não entende nada de petróleo, este colunista lembra que Sérgio Gabrielli é político, hoje secretário de Estado na Bahia, e foi um dos aspirantes petistas ao governo baiano (o escolhido acabou sendo outro secretário, Rui Costa). Graça Foster não é política, mas funcionária de carreira da Petrobras.

Relembrando
A Refinaria de Pasadena foi comprada pela Astra Oil, belga, em 2005, por US$ 42,5 milhões. Em 2006, a Petrobras comprou metade da refinaria, pagando à Astra US$ 326 milhões (segundo Gabrielli, presidente da empresa na época) ou US$ 360 milhões, “pelo menos” (segundo Graça Foster, presidente da empresa, hoje). O valor inclui metade do estoque de petróleo de Pasadena. Em 2012, a Petrobras comprou a outra metade da refinaria, por US$ 820,5 milhões. Bom negócio, segundo Gabrielli; definitivamente, não foi bom negócio, segundo Graça.

O avesso da promessa
Mais um preso do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís do Maranhão, apareceu morto nesta semana, enforcado na cela. Desde sábado, é a terceira morte de preso em Pedrinhas; neste ano, já morreram sete. O Complexo Penitenciário de Pedrinhas é aquele em que, desde outubro, ocorrem incessantemente mortes e rebeliões. O presídio está em péssimas condições, e superlotado; tão superlotado que a governadora Roseana Sarney, PMDB, prometeu abrir urgentemente novas vagas. A julgar pelas obras que não se iniciaram e pelo número de mortos, que vai aumentando, a promessa da governadora, embora na época não tenha sido entendida, já está sendo cumprida.

Ficha limpa...
A assessoria do deputado federal Alceu Moreira, do PMDB gaúcho, contesta a nota ‘Só sobrou um’, deste domingo. “Alceu Moreira em nenhum momento de sua trajetória política esteve enquadrado na Lei da Ficha Suja, LC 135/10. O único processo em que consta o nome do deputado junto ao Conselho Nacional de Justiça é referente ao período em que foi prefeito de Osório – tratava do desvio de função de dois funcionários, isso num município com 40 mil habitantes – e, inclusive, foi concluído pela Justiça após a aplicação e pagamento de multa. Após isso, o deputado disputou três eleições, sendo eleito em todas”. Registrado.

...ficha suja
Mas a informação de que o deputado Alceu Moreira está incluído na Lei da Ficha Limpa (e é, então, inelegível) foi colhida no cadastro do CNJ, no endereço http://www.cnj.jus.br/improbidade_adm/consultar_requerido.php. É só conferir.

Prisão em palácio
Neste sábado, 12 pessoas, numa visita guiada, ficaram presas no elevador do Palácio do Planalto. Os bombeiros levaram uma hora para chegar e soltá-las.
 




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