Política Titulo Walter Demarchi
Garçom, prefeito e dono de restaurante

Ex-chefe do Paço de S.Bernardo, Walter Demarchi tem rotina simples e gosta de falar sobre política

Rogério Santos
do Diário do Grande ABC
16/02/2014 | 07:11
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Andréa Iseki/DGABC


 Todos os dias, os clientes de um dos restaurantes mais tradicionais de São Bernardo, instalado há 65 anos na Rota do Frango com Polenta, são recebidos pelo proprietário, o ex-prefeito Walter Demarchi. Após 20 anos de vida pública, ele resolveu se dedicar exclusivamente ao empreendimento gastronômico.

Do começo como garçom, passando pelo trabalho de cozinheiro, hoje ele acompanha de perto a seleção do cardápio e a compra dos alimentos que serão servidos. Simpático, ele, que está perto de completar 75 anos, sempre recebe a visita de políticos e autoridades. Entre uma refeição e outra, a conversa principal é sobre política.

Nascido em São Bernardo, Walter começou a trajetória política em 1976, quando foi eleito vereador pelo extinto Arena. No período em que foi parlamentar, também presidiu o Legislativo em 1982, mesmo ano que foi candidato a vice-prefeito na chapa de Aron Galante (MDB), que saiu vitorioso do pleito. Até o fim do mandato, o empresário assumiu o comando do Paço diversas vezes.

Seis anos depois, em 1988, Walter lançou-se pela primeira vez candidato a prefeito, já pelo PTB – sigla pela qual é lembrado até hoje –, sendo derrotado por Maurício Soares (PT). “Dois anos depois (em 1990), fui eleito deputado estadual, onde fui vice-líder do governo (Luiz Antônio Fleury Filho, do PMDB)”, lembra.

Em 1992, Walter foi eleito para comandar o Executivo de São Bernardo. Mas, ao contrário de tantos políticos que se perpetuam na vida pública, o ex-petebista resolveu se afastar da política após o fim do mandato, em 1996. “Eu tenho uma opinião diferente. Acredito que o político não pode ser profissional. Cheguei à conclusão que meu ciclo acabou”, declara.

Dentre as principais realizações de seu governo, ele destaca o apreço pela área da Saúde, na época comandada pelo atual deputado federal William Dib (PSDB). “Tinha uma equipe muito boa que fez um excelente trabalho”, recorda o ex-prefeito, ao relembrar a municipalização do Hospital Anchieta e a construção de cinco unidades de pronto-socorro.

A Avenida Lauro Gomes também figura entre as obras importantes. “O Maurício Soares concluiu a intervenção, mas nós que iniciamos esse processo. Foi importantíssimo para o viário da cidade até hoje. Na época, me chamavam de louco”, exalta.

Ao lembrar os integrantes de seu governo, Walter Demarchi cita o atual ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandoviski, então titular do departamento jurídico do Paço.

 

GERAÇÕES FUTURAS

A tradição política da família Demarchi não se limitou ao ex-chefe do Executivo. Primeiro com o ex-vereador Sérgio Demarchi (PSB) – primo de Walter – e agora com o parlamentar e pré-candidato a deputado federal Rafael Demarchi (PSD), sobrinho do ex-prefeito.

 

Gestão teve polêmica com alimentos

Curiosamente, a gestão de Walter Demarchi foi marcada por polêmicas no setor de alimentos, o qual ele gerencia há décadas na iniciativa privada. Em 1995, o ex-prefeito respondeu a ação na Justiça movida pelo ex-deputado estadual Djalma Bom (PT), que denunciava superfaturamento na compra de carne bovina e de frango para merenda escolar. O caso ficou conhecido como ‘frangogate’.

O preço dos produtos importados era acima do encontrado no mercado. O caso terminou arquivado e Walter foi absolvido. “Eu disse no meu depoimento no Fórum que o frango que eu comprei era picado e com molho. Específico para risoto e para macarrão. Quando eu provei o produto em Campinas, achei espetacular e resolvi trazer para as minhas crianças”, justificou.

O ex-político relatou que foi até a sede do Legislativo levar dois pacotes do produto para conhecimentos dos vereadores e acabar a polêmica. “É claro que ficava mais caro que o frango tradicional. Acabou virando uma questão política.”

Outro episódio curioso, mas que não resultou em ação judicial, foi a oferta de risoto de camarão aos alunos da rede municipal. “Um dia cheguei no restaurante e encontrei um dos meus fornecedores de camarão. Pedi ao responsável pelas compras da Prefeitura na época e determinei que comprasse o camarão. Eu quis dar risoto de camarão para as crianças.” RS




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