Setecidades Titulo Tragédia
Mulher atingida por raio
tentava salvar as crianças

Vendedora de Ribeirão morreu na tarde de segunda,
quando se preparava para deixar a praia da Enseada

Camila Galvez
Rafael Ribeiro
15/01/2014 | 07:00
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Rogério Soares/Tribuna de Santos


 Companheiro há 13 anos da vendedora Rosangela Biavati, 36 anos, morta na tarde de segunda-feira após ser atingida por raio na Praia da Enseada, no Guarujá, o comerciante Leandro Lopes dos Santos, 37, disse ao Diário que sua mulher entrou no mar para tirar as crianças da água, entre elas o filho do casal, 11, no momento do acidente.

O corpo de Rosangela foi velado na noite de ontem no Cemitério Vale dos Pinheirais, em Mauá. A cremação será realizada na manhã de hoje, no Cemitério da Vila Alpina, na Zona Leste da Capital.

Segundo o marido, a família se preparava para ir embora devido ao mau tempo quando o acidente aconteceu.

“A gente viu que o céu começou a fechar e começamos a nos preparar para voltar. Ela estava chamando o pessoal, não nadando no mar”, disse Santos. “Sequer estava chovendo na hora.”

A família, moradora do Jardim Santa Rosa, em Ribeirão Pires, aproveitou o dia para levar parentes de Rosângela do Paraná e Santa Catarina à praia. Paranaense, a vítima nasceu na cidade de Dois Vizinhos, mas veio para a região ainda criança com os pais.

“Foi tudo muito rápido. Guardei as coisas no carro, de repente veio o raio e ela caiu”, disse o comerciante. “Todos nós sentimos os efeitos (da descarga elétrica). Também levei um choque.”

Santos diz que Rosangela foi retirada da água imediatamente após o ocorrido. Ele conta que entrou em desespero ao perceber que as tentativas de reanimá-la, com procedimentos básicos de primeiros-socorros, não surtiram efeito. Sem sucesso, chamou os bombeiros, que a levaram à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade, onde o óbito foi confirmado pelos médicos.

“Parece que não caiu a ficha para nenhum de nós (da família) ainda. Não está fácil”, apontou o comerciante, emocionado. A vítima trabalhava em comércio de sapatos no Centro de Ribeirão Pires e por isso era muito conhecida na cidade. O marido é proprietário de uma loja de escapamentos.

Ontem, antes mesmo do início do velório, dezenas de amigos e parentes do casal aguardavam a chegada do corpo da vítima à região, o que ocorreu por volta das 22h.

Fotógrafo do Litoral registra o momento da tragédia

O fotógrafo do jornal A Tribuna Rogério Soares, 40 anos, registrou o momento em que a turista Rosangela Biavati foi atingida pela descarga elétrica na praia da Enseada, no Guarujá. O profissional estava fazendo fotos do movimento das praias quando, por volta das 15h, o tempo começou a fechar. “Chamou a minha atenção o carro parado na faixa de areia, e comecei a fazer o registro.”

De dentro do carro da reportagem, onde se abrigava da chuva, Soares sentiu o impacto do raio. “Foi tão forte que achei que tinha caído ao lado da gente.”

Foi quando seu deu conta de que a moça que ele fotografava entrando no mar, de braços abertos, estava no chão, sendo socorrida pelos familiares. “Por cerca de dois minutos eles tentaram reanimá-la, mas como continuavam caindo raios, os parentes a tiraram dali na caminhonete”, afirma.

Em janeiro do ano passado, Soares acompanhou profissionalmente o caso de um menino que foi atingido por raio quando caminhava com os pais no calçadão. “As pessoas acham que não vai acontecer com elas, infelizmente, e por isso se arriscam.”

Faixas e banners alertam turistas sobre perigos das tempestades

Há cerca de três semanas, a Defesa Civil do Guarujá instalou faixas e banners na orla da praia para alertar turistas sobre a importância de deixar o local durante tempestades. A informação é do GBMar (Grupamento de Bombeiros Marítimos), que afirmou que os guarda-vidas também pedem aos visitantes para sair da faixa de areia sempre que a chuva começa a se anunciar.

A professora de Física da FEI (Fundação Educacional Inaciana) Rosângela Gin diz que o alerta é essencial. “Não adianta se proteger só da chuva. A pessoa precisa se abrigar em local fechado, e não em pontos de ônibus, debaixo de árvores.” Segundo Rosângela, os quiosques da praia não são seguros por serem abertos. O ideal, conforme a especialista, é se abrigar dentro de um imóvel ou carro fechado.

A professora explica que em locais abertos a probabilidade de uma pessoa ser atingida por um raio é maior por conta de sua altura em relação ao solo. “O raio procura os pontos mais altos para se conectar com o chão.” Além disso, a pessoa não precisa ser atingida diretamente para sofrer consequências para a saúde. “A descarga elétrica pode alcançar uma pessoa a até dez quilômetros de distância de onde o raio caiu.”

A morte de Rosangela é a primeira por raio registrada neste ano na Baixada Santista, segundo o Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica), do Inpe.




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