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Juros ao consumidor acompanham Selic em 2013, segundo pesquisa

Levantamento da Anefac aponta que competição entre os bancos ajudou a segurar as taxas

Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
10/01/2014 | 07:07
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Marina Brandão/DGABC


O ano passado foi positivo em relação às taxas de juros para os consumidores. Elas acompanharam de perto o aumento da Selic, fato que não ocorria há anos, avalia o diretor executivo de estudos financeiros da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira.

A Selic é a taxa básica nacional de juros. O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) determinou seu aumento em 2,75 pontos percentuais em 2013. No mesmo período, as instituições financeiras subiram a taxa média do custo do crédito para os consumidores em 3,46 pontos percentuais. É o que aponta a Pesquisa de Juros da Anefac.

“Isso foi muito positivo, tendo em vista que em anos anteriores as instituições elevavam bem mais as suas taxas do que os aumentos da Selic”, explica Oliveira. Segundo ele, o incremento não foi maior por conta da competição entre os bancos iniciada em abril de 2012, quando o governo federal, por meio dos bancos públicos, iniciou uma corrida pelos juros baixos que acabou puxando o mercado.

O especialista da Anefac destaca ainda que os juros dos bancos não são compostos apenas da taxa básica de juros. Contam também com previsões de risco de calotes, custeio, lucro e tributação. “Portanto, essa pequena diferença mostra que realmente as instituições repassaram apenas a Selic em 2013.”

Por outro lado, ele critica o patamar atual dos juros, que estaria em situação alarmante em relação a outros países. “Já que apenas a Selic foi repassada, significa que há espaço para reduções nas taxas, que estão entre as maiores do mundo”, pontua Oliveira.

DEZEMBRO - A taxa média de juros aos consumidores subiu de 5,57% ao mês, em novembro, para 5,60%, em dezembro, apontou a Anefac.

O avanço no preço médio do crédito é resultado de quatro aumentos entre as seis taxas pesquisadas pela Anefac.

Os juros das lojas do comércio tiveram incremento de 0,05 ponto percentual. Passaram de 4,20% para 4,25% ao mês.

O cheque especial, operação de crédito mais conhecida como o limite da conta do banco, também encareceu. O custo médio dessa modalidade saltou de 7,89% para 7,97% ao mês.

Quem procurou os bancos para realizar empréstimo pessoal também pagou mais caro no mês passado do que as instituições financeiras cobravam em novembro. Segundo a pesquisa, os juros dessas transações saltaram de 3,18% para 3,20%.

No caso dos empréstimos pessoais das financeiras, a expansão média foi de 0,06 ponto percentual. Os juros passaram de 7,10% para 7,16%.

Oliveira é direto em relação ao aumento. “Foi basicamente um repasse da alta da Selic.” No dia 28 de novembro, o Copom elevou a Selic de 9,5% para 10% ao ano. “O impacto ocorreria em dezembro, tendo em vista que ocorreu nos últimos dias do mês anterior.”

MANUTENÇÃO - Apesar de apresentar a maior taxa média de juros captada pela pesquisa, o rotativo do cartão de crédito manteve a média de juros entre novembro e dezembro em 9,37% ao mês.

O mesmo ocorreu com os financiamentos de veículos por meio de CDC (Crédito Direto ao Consumidor). O resultado ficou estável em 1,65% ao mês.

Na avaliação do professor de Economia do Insper Otto Nogami, que também é sócio-proprietário da Nogami Participações, a manutenção da taxa média dos financiamentos de veículos ocorreu pela estabilidade da demanda do consumidor por esses bens em dezembro sobre novembro. “A taxa de juros tende a ficar estável nessas condições”, disse o especialista.
 




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