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Cinquenta anos depois, dona Donata quer rever filhos

Moradora de São Bernardo localiza família na Bahia, mas falta dinheiro para viagem de reencontro

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
10/01/2014 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Donata Almeida dos Santos é de falar pouco, mas sorri quando pensa que está próxima de reencontrar os filhos. Há 50 anos, dona Donata deixou Ituberá, na Bahia, após ser vítima de violência doméstica. Como muitas mulheres, apanhou do companheiro em época que não existia a Lei Maria da Penha. “Meus filhos eram pequenos. Cheguei até a ir no juiz, mas como meu ex-marido tinha um sitiozinho e eu não tinha nada, as crianças ficaram com ele.”

Aos 75 anos, ela vive no conjunto habitacional Três Marias, no bairro Cooperativa, em São Bernardo, e sonha em ver de novo Erivaldo, José Carlos e Nanci, além de Ivete, filha de relacionamento anterior. Graças à ajuda da vizinha, a auxiliar de limpeza Elaine Santos da Costa, 23, e do atendente social da Sedesc (Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania) Nilson Pereira de Barros, 46, o sonho está mais próximo de ser realizado. “Um dia estávamos esperando a van que ia nos levar à igreja. Foi quando perguntei para a dona Donata se ela não tinha filhos, e ela me contou a história”, relembra Elaine.

A jovem diz que tentou sozinha encontrar os familiares perdidos da vizinha. “Entrei na internet, Facebook, pesquisei sobre pessoas desaparecidas. Sempre que pensava em desistir, algo dentro de mim falava para continuar.” Ela encontrou o telefone do Conselho Tutelar da cidade, onde foi orientada a procurar a Sedesc. Foi até lá, de ônibus, e, por sorte ou destino, encontrou Barros, que já atuou em casos semelhantes. “Ajudei a localizar familiares de um morador de rua que, infelizmente, faleceu na cidade. Já sei o caminho das pedras.” Mesmo assim, foram necessários 18 dias até que o telefone de Erivaldo dos Santos tocasse em Valença, na Bahia.

Erivaldo tinha 5 anos quando a mãe saiu de casa, ainda em Ituberá, onde ele nasceu. “Lembro pouco dela. Mas quero muito revê-la.” É assim que o pedreiro de 55 anos define a ansiedade desde que Barros fez com ele o primeiro contato. Erivaldo garante ter tentando localizar a mãe. “Mas me enganaram, levaram meu dinheiro e até me disseram que ela estava morta.”

Agora a dificuldade é conseguir os cerca de R$ 500 necessários para fazer a viagem de três dias a bordo de um ônibus até São Bernardo. “Se eu tivesse o dinheiro, já estava aí.”

Enquanto isso, dona Donata espera. Ela foi internada ontem, na Capital, para realizar cirurgia para retirada do útero após diagnóstico de câncer. O quartinho onde pretende receber o filho, e também Nanci, irmã com quem Erivaldo mantém contato, já está decorado: colcha nova e almofada de coração. “Não quis falar com eles pelo telefone para não ficar mais ansiosa. Mas minha casa está de portas abertas, só esperando a chegada deles”, garante dona Donata.

Para quem quiser ajudar a dona Donata e seus filhos a realizarem esse sonho com passagens de ônibus ou, quem sabe, de avião, entre em contato com o Diário pelo telefone: 4435-8338 ou pelo e-mail camilagalvez@dgabc.com.br. Dona Donata agradece. 




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