Na alta temporada, cerca de 170 mil veículos
passam pelas rodovias aos fins de semana
Durante os meses de verão, o tráfego no SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes) chega a aumentar em torno de 70%, segundo a concessionária Ecovias. Cerca de 170 mil veículos utilizam as rodovias que dão acesso ao Litoral Sul do Estado nos fins de semana de alta temporada. Em períodos de menor procura, o movimento médio é de aproximadamente 100 mil usuários. Em feriados como Natal e Ano-Novo, o tráfego costuma chegar a 650 mil veículos.
As consequências do tráfego intenso são velhas conhecidas dos motoristas: lentidão e congestionamentos foram incorporados às viagens à praia. Nos últimos dias, houve transtornos tanto na descida quanto na subida da serra, em diversos horários.
Especialista diz que as operações implementadas durante o período são paliativas, já que o sistema está saturado. Projetos como uma nova rodovia ligando a Capital à Baixada Santista e a criação de um trem para passageiros com destino ao Litoral foram cogitados pelo governo do Estado, mas ambos ainda estão longe de sair do papel (leia mais ao lado).
Uma das medidas adotadas pela Ecovias para mitigar os impactos provocados pelo excesso de automóveis é a execução das operações específicas para subida ou descida. A configuração do SAI é alterada sempre que o tráfego é superior a 6.000 unidades por hora. Pelo modelo padrão, o sistema tem cinco faixas de rolamento em cada sentido – sendo duas na Anchieta e três na Imigrantes. O formato das operações sazonais é definido com base na demanda, podendo ter até sete faixas sentido Litoral e oito para subida. Para que esse remanejamento seja possível, as rodovias têm a mão de direção alterada temporariamente.
O gerente de Atendimento ao Usuário da Ecovias, Eduardo Di Gregório, salienta que as imagens obtidas por meio de câmeras de monitoramento são ferramentas importantes para a solução em tempo real de situações que possam congestionar o sistema. “Assim que identificamos problemas na rodovia, mandamos guincho ou carro de inspeção. Há uma quantidade grande de veículos com falhas mecânicas ou panes secas”, afirma. Segundo Di Gregório, as câmeras espalhadas pelas pistas captam em torno de 90% da área atendida pela concessionária.
Ao longo das estradas, foram instaladas três bases avançadas, para onde os carros removidos são levados. Durante o verão, cerca de 1.000 atendimentos são feitos diariamente. “É um atrás do outro”, comenta o gerente. Para poder atender à demanda adicional, a empresa aumenta o efetivo de funcionários durante a alta temporada.
HORÁRIOS
Para descer a serra, Di Gregório informa que os horários mais movimentados são as manhãs e início das tardes de sábados e domingos, entre 10h e 13h. Outro horário que deve ser evitado pelos motoristas é o fim de tarde de sexta-feira, por volta das 18h. “Boa opção é sair de casa bem cedo”, recomenda.
Na volta da praia, os turistas irão pegar mais congestionamento no início da noite de domingo. Por esse motivo, é indicado que a viagem seja feita durante o período da tarde.
Alternativas nunca saíram do papel
Diversas alternativas foram cogitadas pelo poder público para diminuir a saturação do SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes). Nenhuma delas, no entanto, tem data para sair do papel. Entre as soluções estudadas está a construção de rodovia ligando o bairro Parelheiros, no extremo Sul da Capital, com a cidade de Itanhaém, na Baixada Santista.
Projeto mais próximo de ser concretizado é o trem regional ligando São Paulo ao Litoral, passando pelo Grande ABC. O modal integra planejamento de outras três ferrovias regionais no Estado. A primeira delas, para Campinas, deve ter edital de licitação lançado ainda neste ano.
Para o engenheiro Creso Peixoto, professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana) e especialista em Transportes, o modal ferroviário seria o mais adequado para atender à demanda de turismo. “É uma solução necessária, mas faz parte de um pacote de medidas que correspondem às soluções a médio e longo prazo.” Além disso, diz o especialista, o investimento na ferrovia provoca mudança de cultura, já que desestimula o uso do automóvel.
Em relação à rodovia, Peixoto acredita que a legislação ambiental poderia barrar a construção das pistas. “Essa estrada foi proposta em plano diretor de 1972. Na época, não havia tantas exigências.” Para diminuir o desmatamento, uma das soluções seria o uso de túnel, mas a tecnologia multiplica os custos em 20 vezes em relação a uma estrada convencional.
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