Economia Titulo Previdência
Custo de vida da terceira idade é seis vezes maior

A comparação é feita com um adulto na faixa dos 40 anos, que gasta menos com plano de saúde e medicamentos

Andréa Ciaffone
Diário do Grande ABC
25/10/2013 | 07:07
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A coisa não está fácil para ninguém. E pode piorar para todo mundo, especialmente para os idosos do futuro. Por isso, é preciso que sociedades e indivíduos comecem a poupar desde já.

“Para se manter um idoso gasta, em média, seis vezes mais que uma pessoa na casa dos 40 anos. Fatores como convênio médico (mais caro por causa da idade), medicamentos, serviços domésticos e, em certos casos, cuidadores profissionais, aumentam as despesas. Quando esse montante é comparado com o de uma pessoa em idade produtiva, que paga menos pelo plano de saúde e muitas vezes o tem subsidiado pelo empregador, a diferença salta aos olhos”, diz o economista-chefe e diretor-geral de desenvolvimento do Grupo Allianz, Michael Heise.

O especialista veio ao Brasil pela primeira vez para participar do 8º Fórum Internacional para Jornalistas promovido pela Grupo Allianz, que neste ano teve como tema central Mudanças demográficas, um problema mundial. Como minimizar seus efeitos na economia.

“Mas, a situação do idoso do futuro, em escala global, pode ser ainda mais dramática, porque as populações estão envelhecendo rapidamente no países emergentes. Tudo isso chama para ações de planejamento de políticas públicas e de estratégias pessoais para enfrentar o desafio que vem por aí”, afirma Heise.

O conselho dele é que o Brasil invista em produtividade, aumente o tempo de vida profissional e opere mudanças no sistema previdenciário para que ele fique mais sovina. “As taxas de substituição de previdência <CF51>(percentual do salário que vira aposentadoria)</CF> no Brasil estão entre as mais altas do mundo. Em média, a aposentadoria corresponde a 85,9% do salário, enquanto na Alemanha essa taxa é de 42% e, no Japão, é de 36,3%.”

O economista diz ser inevitável que o Brasil mude as regras da previdência para que elas fiquem menos generosas do que são hoje.

Diante da realidade de escassez de recursos que os aposentados vivem, o economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Marcelo Caetano lembra que o montante que o aposentado leva, em relação ao seu salário, é percentualmente alto, mas o PIB (Produto Interno Bruto) per capita no Brasil é de US$ 12 mil por ano, enquanto nos países da União Europeia ele ultrapassa os US$ 30 mil.

André Portela, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas) aponta que, mesmo com mudanças para tornar as regras mais duras para conseguir a aposentadoria, a estrutura previdenciária só se manterá se o País gerar mais riqueza e isso passa pela educação das gerações mais jovens. “O problema é que o nível de proficiência do jovem brasileiro está entre os cinco piores do mundo”, diz Portela. Ou seja, se nada mudar rapidamente, o futuro de quem é adulto hoje é bem incerto.
 




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