Simular como vão ficar as instalações e a atividade fabril, para que a empresa possa economizar tempo e dinheiro, reduzindo o retrabalho e evitando problemas eventuais – por exemplo, uma coluna bem no meio da linha de montagem. Esse foi o foco de investimentos de R$ 8,3 milhões feitos pela Volkswagen em tecnologia que a montadora chama de Fábrica Digital, conjunto de mais de 50 softwares que fazem a simulação de obras de uma nova fábrica, com aspectos de sustentabilidade (questões como uso de materiais recicláveis, aproveitamento da luz ambiente e redução de energia elétrica), por exemplo, e também práticas da operação, em áreas de estamparia, armação, pintura, montagem fina, logística e engenharia, entre outras.

Esse desenvolvimento tecnológico começou em 2006 na Alemanha e já vem propiciando resultados aqui no País. Segundo o diretor de engenharia de manufatura da Volkswagen do Brasil, Celso Placeres, já foi possível economia de mais R$ 86 milhões, ou seja, mais de dez vezes o valor aportado, com as simulações. Um dos exemplos foi a instalação da área de armação (onde são montadas e soldadas as carrocerias) da Saveiro, na ala 3 da Anchieta, prédio antigo, existente desde 1964, e que foi adaptado para receber a fabricação da picape. “Conseguimos que os fornecedores antevessem problemas na instalação e houvesse sincronismo para colocação da linha de soldagem da carroceria; ganhamos um mês e meio”, afirmou.

Dotada do mesmo nível tecnológico da linha onde é produzido o Golf geração 7 em Wolfsburg na Alemanha, essa área produtiva em São Bernardo permitiu ampliar em 25% a capacidade de produção da picape, aumentando de 360 unidades do carro produzidas diariamente – quando era montada na linha do Gol – para 450 unidades por dia. A aplicação da Fábrica Digital – que envolve o trabalho de 200 engenheiros – também permitiu que o local esteja apto para produzir vários modelos diferentes. Com isso, evitou investimentos de R$ 19,1 milhões.

Segundo o executivo, a nova tecnologia trouxe uma quebra de paradigma, porque tradicionalmente se pensa que, para projetos novos, é necessário ter prédios modernos.

FORNECEDORES

Atualmente a montadora busca a integração dessa tecnologia de simulação com os fornecedores de autopeças, para que a solução, na hora de implantar o processo produtivo, seja feita em conjunto. “Fizemos um workshop e estamos buscando que se readequem ao ambiente digital, para ganharmos agilidade também do lado deles”, afirma Placeres.