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Música de coração
que faz bem à cabeça

Músico de mão- cheia, Alvaro Siviero chega ao
Grande ABC para três recitais de piano gratuitos

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
13/08/2013 | 07:00
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Divulgação


Apesar de regatear o público com banquete de primeira, Alvaro Siviero quer que seu menu seja um acepipe. “Quero fazer um aperitivo para que, depois das apresentações todas, as pessoas criem dentro delas uma inquietação, aquele fogo, mas dessa vez pessoal, que só a música traz”, conta ele. “Quero que cada um desligue o botão do estresse acústico do dia a dia para se dar um presente, repensar a própria vida com ajuda desse remédio que é a música”, completa.

O pianista faz três concertos gratuitos na região. Quinta-feira ele toca em Santo André; no sábado, em São Bernardo; no dia 19, em São Caetano.

“Música existe para relembrar que há algo maior que um pedaço de picanha, não para simplesmente entreter. Hoje, a sociedade quer muito entretenimento, mas quando a pessoa tem um pouco de cultura, sensibilidade, essa música de enriquecimento também é de entretenimento.”

Músico devotado, ele frequentou o conservatório desde cedo. Começou aos 4 anos e saiu aos 14. Saiu para estudar física. “Muita gente diz que sou físico por estudo, mas músico por genética. Tinha medo de que essa paixão se transformasse em um rio caudaloso no qual as margens não estivessem definidas e tudo se encharcasse. Queria fazer outra coisa para ver se sentiria saudade”. Não é preciso nem dizer o que falou mais alto. Siviero já correu o mundo, aprendendo, tocando ou ensinando piano. “Existe um componente matemático na música. Tudo isso me vem à mente quando estou interpretando”, completa ele, justificando que não houve divórcio de uma área para a outra.

No repertório dos recitais, ele resgata Chopin, Strauss, Brahms, Bach, Scriabin e Liszt. Mas é com os brasileiros que ele quer fazer a diferença. “Gosto que as pessoas tenham possibilidade de assistir de tudo um pouco. Desde a tranquilidade que emociona até o momento de pão e circo, em que o pianista praticamente pula no piano. Mas o desafio é valorizar a música brasileira, mostrar que ela não é de segunda categoria. As obras que vou interpretar estão em páreo equitativo com Brahms, Chopin...”.

Para isso, entram em cena Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, Camargo Guarnieri e Brasílio Itiberê.

Apesar de se meter com obras de dificílima execução – tocar uma delas, conta, é como pisar em casca de banana, “se eu errar uma nota, é efeito dominó, cai o restante” –, seu desafio demanda mais coração do que técnica. “É o desafio do amor, porque tocar algo no piano não é apertar uma tecla, é uma entrega. A falência do artista ocorre quando ele se autocopia, quando o amor perde detalhes, não se atém às coisas especiais e cai na rotina. Você só domina uma obra quanto ela te domina.”

Álvaro Siviero – Recital. Quinta, às 20h – No Teatro Municipal de Santo André – Praça 4º Centenário. Tel.: 4433-0789. Sábado, às 20h – No Teatro Lauro Gomes – R. Helena Jacquey, 171, São Bernardo. Tel.: 4368-3483. Dia 19, às 20h – No Teatro Santos Dumont – Av. Goiás, 1.111, São Caetano. Tel.: 4221-8347. Grátis.




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