Ex-prefeito quer que vereadores sejam oposição; cobrança provocou indignação de parte da bancada
O ex-prefeito de Santo André Aidan Ravin (PTB) cobrou da bancada de vereadores petebistas, composta por quatro parlamentares, uma posição contundente na ala de oposição ao governo Carlos Grana (PT), logo a partir da primeira sessão pós-recesso na Câmara. A requisição firmada em reunião partidária, por outro lado, não foi bem digerida por parte dos vereadores. O grupo reclama, inclusive, que os impasses são provocados pela indefinição e falta de diálogos internos.
Aidan admitiu a cobrança durante encontro do PTB, citando solicitação para que os vereadores estejam “atentos às irregularidades que estão acontecendo” na gestão petista. “Já estou com documentos em mãos que comprovam problemas sérios na atual administração e tenho a obrigação de informar a população. São erros graves e que comprometem o orçamento municipal”, afirmou por nota, sem mencionar, entretanto, o conteúdo das denúncias contidas no processo.
Ex-líder da gestão petebista, o vereador Ailton Lima (PTB) sustentou que não inventará factoides, forçando o ex-prefeito a mostrar “as ilegalidades”. Segundo ele, já passou da hora de Aidan provar o que declara. “Quando assumiu o mandato (em 2009) contratou auditoria (Dal Pozzo Advogados, por R$ 67,1 mil) para analisar os contratos do prefeito João Avamileno (PT) e não apresentou nada. Foi incapaz, medroso ou o governo do PT foi perfeito, o que duvido. Qual foi o acerto? Se escondeu, está errado. Ele ficou devendo respostas à sociedade. Era esse retorno que se esperava dele quando eleito.”
Para o parlamentar Luiz Zacarias (PTB), faltam subsídios para a bancada. Ele alegou que “sempre há falhas na administração”, só que o partido necessita de alinhamento para tratar de ações conjuntas para criticar. “Não vou pegar metralhadora e sair atirando, sem documentação que embase. É preciso cautela. Por isso não sei por que foi colocado dessa forma (cobrança). Não entendi. Temos sim que definir metas.”
Zacarias avaliou que já faz sua parte como “oposição consciente”, lembrando as críticas sobre o caso da taxa de lixo do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), no qual o tributo subiu, em determinadas residências, em mais de 600%, por conta da mudança de cálculo. “Minha atuação é séria e coerente”, disse, reconhecendo que existe clima adverso. “Não podemos ter divergências. O PTB está cobrando ações de nós, legisladores, e estamos em cima.”
No primeiro semestre, a bancada se colocou numa postura de independência. Mesmo dividido, o bloco conseguiu emplacar o presidente do Legislativo, Donizeti Pereira (PV), em detrimento ao candidato governista José Montoro Filho, o Montorinho (PT) – Roberto Rautenberg (PTB), em contrapartida, apoiou o petista. A ala, alinhada com o então G-12, alcançou sucesso no comando de comissões permanentes da Casa, como Justiça e Redação.
Ailton isentou de culpa, desta vez, a presidente da executiva municipal do PTB, Dinah Zekcer, pelos conflitos na legenda, alegando que a ex-vice-prefeita foi firme ao pressionar Aidan a decidir se sairá candidato a deputado estadual ou federal, um dos entraves locais. “Só que, de novo, ele não respondeu, dizendo que depende do (mandatário estadual petebista) Campos Machado.”
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