Desde 2008, empresa briga na Justiça para
assumir a operação de 18 linhas municipais
A Viação Estrela de Mauá retirou os 84 ônibus da garagem localizada no Jardim Zaíra, em Mauá. O presidente da empresa, David Barioni Neto, não quis comentar os motivos da remoção dos veículos nem o destino dos coletivos. A empresa está impedida de atuar no transporte público municipal por decisão judicial desde janeiro.
Em abril, a área onde os veículos ficavam estacionados sofreu atentado. Na ocasião, funcionários que estavam no local relataram que pelo menos quatro homens encapuzados, com coletes à prova de balas e munidos de fuzil, invadiram o espaço e tentaram arrombar a sala onde funciona a contabilidade da empresa, mas não obtiveram sucesso. Antes de deixarem a garagem, os bandidos atiraram contra o segundo andar do prédio, onde funciona os escritórios da diretoria, e fugiram sem levar nada.
Após o ocorrido, Barioni prometeu retirar todos os coletivos da cidade dentro de 30 dias, alegando que Mauá não oferecia condições de segurança para a permanência dos carros. Uma semana depois, o empresário voltou atrás e afirmou que iria mantê-los no local.
BRIGA JUDICIAL
Desde o fim de 2008, há briga judicial envolvendo a operação do lote 2 do transporte público de Mauá. Na ocasião, foi lançada licitação para a concessão, da qual participavam Leblon, Estrela e Transmauá. Inicialmente, a Leblon havia sido eliminada. Posteriormente, a companhia paranaense foi reabilitada após recurso, alegando que as concorrentes não apresentaram atestado de capacidade técnica. O contrato com a Leblon foi assinado em 2010, mesmo ano em que a operação foi iniciada.
Em julho do ano passado, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) reabilitou as concorrentes, em decisão que foi suspensa duas semanas depois pelo presidente Ari Pargendler até o julgamento definitivo.
No fim de dezembro, Prefeitura e Viação Estrela de Mauá assinaram contrato emergencial. A empresa operou na cidade por apenas 13 dias. Em janeiro, a Justiça suspendeu o acordo firmado entre as partes.
O prefeito Donisete Braga (PT) lamentou a retirada dos veículos da cidade, e diz que desconhece as razões. “Encaramos isso com muita tristeza. Desde o primeiro dia de governo tenho falado muito que qualquer gestor precisa ter mais do que quatro ou cinco empresas atuando no transporte público. Hoje, temos modelo de dois lotes apenas.”
De acordo com o chefe do Executivo, será apresentado outro modelo para o transporte municipal até o fim do ano. A ideia da Prefeitura é implementar sistema nos moldes do que hoje está em vigor em Santo André, por meio de um consórcio composto por várias empresas. A expectativa é que seja aberta licitação até dezembro.
Desorganização é marca do transporte público no município
O transporte público municipal de Mauá é marcado pela desorganização. Quem depende dos ônibus para se deslocar tem de se acostumar com longos períodos de espera, superlotação e má qualidade do serviço prestado, além de itinerários inadequados. Todas as linhas passam pelo Terminal Central, que está sobrecarregado. O cenário foi mostrado em uma das reportagens da séria feita pelo Diário sobre as condições do transporte coletivo nas sete cidades da região, em maio.
A falta de investimentos e o descaso com que as concessionárias atuam refletem as diversas irregularidades no sistema. As viações Cidade de Mauá e Leblon, que operam o serviço, foram multadas há três meses por fraude no sistema eletrônico que controla da bilhetagem e por alterações em valores e números de viagens realizadas. A soma total das punições chega a R$ 24,2 milhões.
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