Segundo investigação, quadrilha que atua no Estado cobrava mensalidade de R$ 805 aos filiados
Operação desencadeada pela Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) de São Bernardo que resultou na prisão de 28 pessoas envolvidas com tráfico de drogas na sexta-feira revelou que a facção criminosa que atua no Estado faturava até R$ 605 mil com o pagamento das mensalidades de seus integrantes, presos ou não, no Grande ABC. O valor é conhecido como ‘cebola’ ou ‘caixa’.
Segundo o inquérito do caso, o qual o Diário teve acesso, a taxa cobrada é de R$ 805. Caso haja atraso, prazo é estipulado para o acerto. Persistindo a dívida, o filiado poderá ser punido. Na maioria das vezes, o indivíduo é obrigado a praticar crimes como ataques a policiais e roubos a bancos. Há possibilidade de execução.
O número de assassinatos em decorrência de ‘tribunais do crime’ é incerto, mas a polícia tem ao menos 25 casos na região sob essa suspeita. As mortes são a tiros, facadas e até decapitações.
“São pessoas da mais alta periculosidade, que matam para mostrar poder e confirmar que pertencem ao primeiro escalão do crime”, alertou Waldomiro Bueno Filho, delegado seccional de São Bernardo.
Apenas integrantes com pagamento em dia podem concorrer a um dos benefícios ofertados: rifa ilegal, em que parte do dinheiro proveniente de assaltos e da venda de drogas é oferecido como prêmio.
ROTA DA DROGA
Apesar da arrecadação com mensalidades, a principal fonte de renda é o tráfico. O Grande ABC aparece na investigação como um dos principais pontos de abastecimento do Estado e até de outros lugares do Brasil, como Minas Gerais, Bahia e Maranhão, para onde os narcóticos eram enviados após o refinamento.
A Polícia Civil identificou quatro suspeitos entre os principais integrantes da facção e que atuavam na região. Os líderes são Evandro Alves Loureiro Motti, conhecido como Alemão e Gordão, e José Marcelo da Silva, o Sapucaia ou Zé do Alho, que eram procurados pela Justiça do Mato Grosso do Sul, Estado por onde faziam entrar entorpecentes vindos do Paraguai e Bolívia. A dupla tem passagens devido a flagrantes feitos pela Polícia Federal. O transporte era feito em caminhões e os produtores estrangeiros eram pagos com veículos roubados no Brasil.
A Dise começou a confirmar os laços e investigar a rota após a prisão de um homem que levava 20 quilos de maconha para Minas Gerais. A partir daí, policiais chegaram aos nomes de quatro acusados de serem os responsáveis pelo tráfico nas sete cidades da região.
Os investigadores descobriram com os quatro toda a movimentação feita por eles para se manterem como líderes da facção na região. Segundo o levantamento, para subir à liderança estadual, os chefes regionais precisam comprovar aumento na venda de drogas e resultados positivos nas ações criminosas. Só assim são promovidos.
As investigações continuarão, mas a polícia fala em enfraquecimento do grupo. “Foi um duro golpe para eles. Atingimos a espinha dorsal do crime organizado da região. Acreditamos que eles ficarão fragilizados”, disse Bueno.
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