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O que é isso, papai?

Sempre ouvi falar que crianças eram verdadeiras "maquininhas" de perguntas...

Carlos Ferrari
19/12/2012 | 00:00
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Sempre ouvi falar que crianças eram verdadeiras "maquininhas" de perguntas. Mas afirmo-lhes: só quem já vivenciou essa experiência em casa pode dizer o quanto é emocionante sermos desafiados várias vezes por minuto por alguém com pouco mais de 2 anos de vida a definir tudo o que existe no mundo.

Minha pequena Catarina, que nesta semana completou 2 anos e 3 meses, está nesta fase. É ‘o que é isso?', tocando em minha gravata, segurando em um pequeno objeto de cozinha, e muitas vezes apontando para algo que também não sei o que é. Afinal, não sou São Tomé, ou seja, para crer, não preciso ver, mas para ver preciso tocar. Acreditem: esses são os melhores momentos, pois brincamos juntos, porque na verdade, enquanto ela tenta descrever o que vê, me ajuda a contar a ela o que é a nova descoberta.

No último mês, montamos em casa uma grande árvore de Natal. Durante o processo, foram dezenas de perguntas sobre o que eram as bolinhas, enfeites, arranjos e, por fim, a grande questão: eu disse: "É uma árvore de Natal!", e logo: "Natal, o que isso, papai?".

Já pensou como você responderia? Pensei, quase que por impulso, em dizer: "É aquele dia bacana em que trocamos presentes". Mas vamos combinar, não seria justo uma definição tão capitalista para uma data de tamanha importância espiritual. Arrisquei então uma resposta que foi pelo seguinte caminho: "É o dia em que comemoramos o nascimento de Jesus Cristo, filho do Papai do Céu". Ela, então, me perguntou sorrindo com uma sabedoria única de criança: "Amém, papai?", fazendo uma correlação aos momentos em que rezamos juntos em casa.

De repente, descobri que minha bela Tatá havia acabado de me dar uma bela aula sobre o que é de fato o Natal. Mais do que uma data comemorativa, ou mesmo um momento que vivenciamos juntos em família, trata-se de algo que faz parte de nosso dia a dia. Se somos cristãos, vivemos o Natal a cada oração, a cada ‘amém', como ela mesmo identificou de forma doce e bem-humorada. Se somos agnósticos, celebramos o nascimento de Jesus, em nossas condutas, inspiradas não pelos milagres e sofrimentos do Cristo canônico, mas pelos valores e atitudes do Cristo histórico que, independentemente de filiação ou do que tenha feito, já foi grande pelo que disse e pelo que lutou.

É compartilhando essas reflexões que creio ter tido oportunidade de crescer enquanto homem e como pai, que aproveito esse espaço para lhes desejar um Feliz Natal. Agradeço a meus alunos, parceiros que acreditaram em meu trabalho, companheiros de luta do movimento de pessoas com deficiência e da assistência social. Com carinho, também agradeço a meus familiares, amigos e a vocês, que me acompanham semanalmente no blog, neste Diário do Grande ABC, jornais de bairros associados, e pelas redes sociais.

Que neste Natal, mais do que celebrar a data de nascimento do Cristo, possamos comemorar nosso projeto de vida para renascermos melhores em 2013. Com menos preconceitos e mais respeito à diversidade, com menos verdades absolutas e mais perguntas que confrontem nossas certezas, com menos culpabilização do próximo e mais responsabilidade sobre nossas escolhas, enfim, com menos resistência para vida e com mais vontade para viver.  




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