Estou voltando da África do Sul. A sensação é de preocupação e decepção. Fiquei a maior parte do tempo na Cidade do Cabo e apenas...
Estou voltando da África do Sul. A sensação é de preocupação e decepção. Fiquei a maior parte do tempo na Cidade do Cabo e apenas um dia em Johanesburgo.
O local do sorteio do Mundial é lindo. Dentro das devidas proporções lembra a beleza natural do Rio de Janeiro. É possivelmente a cidade com o maior número de brancos da África e, mesmo assim, espalha medo nos seus moradores e consequentemente nos turistas.
Mesmo sendo o mais importante centro turístico do país, tudo fecha muito cedo, por volta das 19h. Até os shoppings não ultrapassam esse horário.
Andar nas ruas é arriscar-se muito. Apenas o Waterfront, região com lojas, bares e restaurantes perto do cais, reformada recentemente pelo governo, tem uma vida noturna que não ultrapassa às 21h.
Em Johanesburgo a coisa é pior. O congestionamento do trânsito começa às 16h, porque todo mundo está voltando para casa. A área de Sandtown é a melhor da capital e, mesmo assim, tudo fecha no máximo às 21h.
Andar a pé pelo centro e por quase toda a cidade é um perigo indiscutível. O transporte público é caótico. Não há metrô, ônibus regulares e muitos taxistas são clandestinos. Para um táxi no meio da rua é arriscar-se consideravelmente.
O mais grave de tudo é que, apesar da democracia e fim do apharteid, o preconceito racial existe.
Fico imaginando os turistas que irão à Copa presos nos hotéis para não correr riscos. Vai ser uma loucura! E aqueles que ficarão em bares e restaurantes um pouco além do tempo podem ter lembranças inesquecíveis quando estiverem caminhando nas ruas.
DESCULPA ESFARRAPADA
Ouvi de alguns brasileiros que estão na África trabalhando com atividades em torno do Mundial, que para nós brasileiros tudo isso não é novidade. Alguns deles afirmam que São Paulo é perigosíssima e o Rio tem balas perdidas a todo momento.
Mas como? No Brasil sabemos que a violência está concentrada principalmente nas periferias, no caso de São Paulo e nos morros do Rio de Janeiro. E depois, aqui falo a minha língua e conheço os lugares. Fora daqui gosto de usar o ditado de que ‘boi em terra estranha é vaca.'
Lamento ter de trazer essa constatação. Até porque os africanos com quem convivi são muito parecidos com os brasileiros. Simpáticos, alegres, atenciosos e muito educados.
O problema é que esses são a imensa minoria.
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