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Quem manda na Federal

A grande disputa no governo, hoje, é saber quem vai mandar na Polícia Federal

Por Carlos Brickmann
16/11/2008 | 00:00
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A grande disputa no governo, hoje, é saber quem vai mandar na Polícia Federal. Existem várias alas, que se enfrentam (só a Operação Satiagraha está rendendo três inquéritos, o do delegado Protógenes, o do delegado Ricardo Saadi e a do delegado Amaro Vieira, que investiga a investigação do delegado Protógenes); e dizem até que uma outra ala obedece mais à orientação do governador paulista José Serra, que é tucano e de oposição, do que ao próprio Governo.

Há alas que trabalham ostensivamente contra pessoas próximas ao presidente Lula: aquela, por exemplo, que tentou imputar a Vavá Dois Pau (irmão do presidente, autor da clássica frase "arruma dois pau pra eu"), a prática de advocacia administrativa; e a que tenta constranger o ex-presidente José Sarney, aliado preferencial do Planalto, atingindo as empresas de sua família e investigando seu filho Fernando.

É aí que reside a disputa: Sarney, falando também em nome de seu partido, o PMDB, essencial para que Lula tenha maioria no Congresso, exige o comando da Polícia Federal. Nem precisa ser o Ministério da Justiça inteiro (se bem que o partido adoraria recebê-lo). A Polícia Federal satisfaria o apetite do PMDB.

Para o PMDB, comando significa comando. Pode até haver crises, mas o objetivo do partido é ter uma Polícia Federal sem alas conflitantes. Se alguém quiser pensar diferente, sem problemas; o que não pode é agir. Significa também que a amplitude de ação dada hoje aos federais será um pouco limitada. Investigar os outros, ok; mas que deixem família e amigos de Lula e o PMDB de fora.

PAULINHO, NUMA BOA
Lembra do deputado Paulinho da Força, do PDT? Aquele, acusado de desviar recursos do BNDES? Pois bem: Paulinho foi encaminhado ao Conselho de Ética da Câmara, e o processo está em repouso desde junho. O relator promete apresentar seu voto em 15 de dezembro, uma segunda-feira (como dizia aquele famoso programa de TV, "Acredite se Quiser"). O Conselho aí terá cinco sessões para apreciá-lo, o que significa que tudo fica para o ano que vem.

ULALÁ!
O Ministério do Desenvolvimento Agrário promove no Rio, na Marina da Glória, entre 26 e 30 de novembro, a 5ª Feira da Agricultura Familiar e Reforma Agrária. Principal atração da feira: a Praça da Cachaça, onde podem ser provadas (e compradas) cachaças de Minas, Espírito Santo, Bahia, Ceará, Goiás, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Paraná. O antigo correspondente do The New York Times, Larry Rohter, perde uma excelente reportagem.

QUEM MANDA EM SÃO PAULO?
Esta é uma pergunta excelente: na greve dos policiais civis do Estado, que durou 58 dias, quem falou pelo Governo paulista não foi o secretário da Segurança, mas o secretário de Gestão, Sidnei Beraldo. No caso do seqüestro e assassinato da menina Eloá, em Santo André, quem falou pelo Governo foi o coronel que comandava a operação, e jamais o secretário da Segurança - que, aliás, nem apareceu por lá. No confronto entre policiais civis e a PM (todos subordinados a ele), o secretário da Segurança não apareceu em qualquer momento. Dizem que estava no Palácio Bandeirantes, pertinho de tudo, mas invisível estava e invisível ficou. Isto é que é ser tucano: o secretário não é visto nem em cima do muro.

SERVIÇO PÚBLICO
Experimente: o telefone do telegrama fonado mudou de 0800 57 00 100 para 3003-0100. Como ninguém sabe disso, continua ligando para o 0800. Lá, em vez de informarem que o número agora é outro, dizem que "o número discado não corresponde a um número de serviço ativo". Ou seja, não existe. E não contam para ninguém qual é o número novo. Você liga então para o 102, Informações, e eles informam que não sabem informar. Um leitor desta coluna reclamou ao Correio. Mas - é Brasil! - a grande empresa estatal de comunicações não respondeu.

FESTA DO DIREITO
O Tribunal de Justiça de São Paulo entrega nesta segunda-feira o Colar do Mérito Judiciário a dois ministros do Supremo, Carlos Ayres Britto e Ellen Gracie, e ao advogado criminalista (e ex-secretário da Justiça e da Segurança) Antônio Cláudio Mariz de Oliveira. É o reconhecimento pelos bons trabalhos na área do Direito.

RESPIRE COM CUIDADO
A Petrobras, associada à indústria automobilística, conseguiu manter por mais quatro anos a produção de um óleo diesel cheio de impurezas, um dos mais poluentes do mundo. A Petrobras produz dois tipos de diesel: o S-2000 (com duas mil partes de enxofre por milhão), vendido na maior parte do país e o S-500 (com 500 partes de enxofre por milhão), para as regiões metropolitanas. Se havia problemas técnicos para produzir imediatamente um diesel melhor (50 partes de enxofre por milhão), por que não suspender o S-2000 e ficar só com o S-500?




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