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O ano de preparar o Tri-Lula

O presidente Lula mergulha nas águas sem marolinhas de Fernando de Noronha, vê de perto um tubarão

Carlos Brickmann
04/01/2009 | 00:00
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O presidente Lula mergulha nas águas sem marolinhas de Fernando de Noronha, vê de perto um tubarão (sem medo: é dos pequenos, muito menores do que os que circulam em Brasília), recarrega as baterias. Vai precisar: neste ano, além de governar, executa a mais difícil manobra de seu mandato, a nova reeleição.

Dilma? Se Dilma fosse candidata, não teria sido lançada tão antes da hora, ficando exposta ao sol e ao sereno. Se Dilma tivesse cacife para ser candidata, Lula não a teria escolhido. Seu objetivo, ao lançá-la, era mostrar que o PT não tem candidato viável. Só se tiver um jeito de lançar Lula, e Lula é muito viável.

Os parlamentares mais ligados ao presidente, aqueles que ainda o chamam de "Baiano", apelido do início de sua vida sindical, estão trabalhando duro pela reeleição. Devanir Ribeiro, do PT paulista, coordena os esforços para permitir um novo mandato. João Paulo Cunha, também do PT paulista, trabalha de outra maneira: propõe o fim da reeleição, com mandato de cinco anos. Isso abre uma brecha: Lula foi reeleito com a lei vigente hoje e, com a mudança da lei, não haveria reeleição, mas apenas uma eleição pelo novo quadro legal, agora com cinco anos de mandato. José Dirceu, uma poderosa influência no PT, é pragmático: sabe que Lula pode ganhar as eleições, e que Dilma não tem lá grande chance.

Se vai dar certo ou não, isso depende de muitos fatores, alguns deles internacionais. Mas gente muito próxima do presidente Lula articula para que dê certo. E, destes, há vários que não fariam nada sem a concordância do presidente.

TUDO EM FAMÍLIA
O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), iniciou sua gestão nomeando a mulher. E para um cargo importantíssimo: secretária de Orçamento e Planejamento Participativo. O prefeito de São José, SC, Djalma Berger, nomeou Lurian Cordeiro da Silva, filha do presidente Lula, para secretária do Desenvolvimento Social. São José fica pertinho de Florianópolis, cujo prefeito, Dário Berger, é irmão de Djalma Berger.

BOA NOTÍCIA 1
Uma boa notícia para iniciar o ano: no Pará, parques, ginásios, supermercados e shopping centers agora têm de oferecer cadeiras de rodas aos clientes idosos e deficientes. A lei foi sancionada pela governadora Ana Júlia (PT). É um bom exemplo - inclusive para grandes cidades, onde os shopping centers têm vagas para idosos e deficientes, mas não têm vigilância. As vagas são ocupadas por gente sem qualquer deficiência física, mas com grande deficiência moral.

BOA NOTÍCIA 2
O maestro e pianista João Carlos Martins já foi operado da mão direita e se recupera rapidamente. E tem dezenas de concertos agendados para este ano.

O SEU...
A farra foi só adiada: não é mais para este ano. Mas a criação de mais de sete mil empregos de vereador em todo o País tem tudo para ser aprovada (e, neste caso, a farra com o dinheiro público começa em 1º de janeiro de 2010). Hoje, o Brasil tem pouco mais de 300 mil vereadores, que custam por volta de R$ 400 bilhões por ano. Já é gente demais: São Paulo tem 55 vereadores, que custam algo como R$ 5 milhões por ano - cada um. A cidade já funcionou com 21 vereadores, e não havia qualquer diferença, a não ser que saía bem mais barato.

...O MEU...
Cada vereador custa, em Salvador, o mesmo que em São Paulo: uns R$ 5 milhões por ano. No Rio, é um pouco mais caro: R$ 6 milhões anuais. O Rio tem 50 vereadores. Que é que eles fazem, que 20 não fariam mais rápido e melhor?

...O NOSSO DINHEIRINHO
Por falar em dinheiro, o Tribunal de Justiça de São Paulo alugou, em 2007, por R$ 600 mil mensais, o Hotel Hilton, por muito tempo o mais luxuoso de São Paulo. O objetivo era instalar ali o gabinete dos desembargadores. Até hoje, 2009, o belo prédio, reformado e pronto para uso, está vazio. E sem explicações.

TUDO TRANSPARENTE
O prefeito reeleito de São Paulo, Gilberto Kassab, DEM, assumiu um compromisso da maior importância: colocar toda a administração pública na internet, garantindo o acesso de todos às informações da Prefeitura. E, ao mesmo tempo, abriu todos os canais administrativos ao Ministério Público. Boa notícia.

COMEÇAR DE NOVO
Antônio Belinatti, que se elegeu prefeito de Londrina, PR, abusou demais e não pôde tomar posse, por decisão judicial. Motivo: suas contas não foram aprovadas. Lá haverá novas eleições, entre Luiz Carlos Hauly e Barbosa Neto. A data não está marcada, mas será depois do Carnaval.




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