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Por trás das notícias

José Sarney é um sobrevivente: resiste quando a resistência parece impossível

Carlos Brickmann
28/06/2009 | 00:00
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José Sarney é um sobrevivente: resiste quando a resistência parece impossível. Mas a capacidade de sobrevivência não é fruto exclusivo de sua extraordinária aptidão para a política: é, também e principalmente, consequência dos bons relacionamentos que tem e dos problemas que surgiriam com sua saída.

Há problemas pessoais: o presidente Lula detesta o sucessor imediato de Sarney, senador Marconi Perillo, do PSDB de Goiás. Há problemas políticos: Lula detestaria também entregar a Presidência do Senado a um tucano. Há problemas eleitorais: Sarney é hoje um dos principais elos do presidente com o PMDB - e, sem Sarney, corre o risco de que Orestes Quércia, supremo comandante em São Paulo, conquiste a maior parte do partido (e seu tempo de TV) para o apoio a Serra.

E há, principalmente, os problemas práticos. Nos seus longos anos como o político mais experiente do Senado, Sarney está no centro da teia de contatos e interesses lá representados. Sem ele, retomar o controle do Senado, passá-lo da burocracia para os políticos, será muito difícil. E, considerando-se que boa parte do governo passou pelo Senado e faz parte dessa teia, imagine-se o mal que burocratas descontrolados e bem-informados podem causar à estabilidade política.

É por isso que o presidente Lula se colocou pessoalmente em campo para defender Sarney. E não fica só em declarações. Lula resolveu defendê-lo com sua mais poderosa arma, a mais letal de todas: o Diário Oficial. É a melhor forma de conquistar amigos, incomodar inimigos e influenciar pessoas.

LEITURA CORRETA
Um assíduo leitor desta coluna explica os problemas do Senado: basta ler Agaciel de trás para diante.

NÃO VERÁS...
O Psol promete pedir ao Conselho de Ética do Senado, nesta semana, que abra investigação contra José Sarney. Bobagem: estamos no final de junho, passaram-se só seis meses do início do ano, e o Senado não teve tempo de eleger os integrantes do Conselho de Ética. Não há Comissão de Ética no Senado.

...NENHUM PAÍS COMO ESTE
Ah, se alguém quiser representar à Procuradoria Geral da República, talvez seja bom esperar um pouquinho: o mandato do procurador Antônio Fernando de Souza termina hoje, e o presidente Lula não escolheu seu substituto. O escolhido terá de ser sabatinado e aprovado pelo Senado. Até lá, a Procuradoria Geral da República será ocupada interinamente pela subprocuradora Deborah Duprat.

LUZ NO ARAGUAIA
A abertura dos arquivos oficiais sobre a Guerrilha do Araguaia já passou da hora: há quase 35 anos terminou em sangue a tentativa do PCdoB de instalar um foco guerrilheiro no centro do País, base para implantação de um regime comunista estilo chinês. Já se sabe, graças a pesquisas independentes e à entrevista recente de Sebastião Rodrigues de Moura, o "major Curió", um dos que comandaram o combate à guerrilha, que houve uma política deliberada de extermínio dos guerrilheiros; já se sabe que houve mortes entre os moradores da região; já se sabe que havia o hábito de cortar a cabeça dos mortos e levá-la aos quartéis para identificação. Agora, falta abrir o restante dos arquivos para que uma página triste do País, carregada de crimes, possa entrar em nossa história. A propósito, o governo tem a obrigação de liberar seus arquivos; e o PCdoB deveria segui-lo, contando também os segredos de seu lado.

ESCONDER O QUÊ?
Já não há qualquer dúvida, pela entrevista de Curió, que a ordem era matar os guerrilheiros, estivessem ou não dominados. Não há qualquer dúvida de que o presidente da República estava a par dos fatos e concordava com eles. Já se sabe que os corpos foram mutilados. Falta revelar os detalhes. Por que escondê-los?

A MORTE DE MICHAEL JACKSON
Uma das tragédias da vida do Rei do Pop, Michael Jackson, morto na quinta-feira, foi o racismo. Por isso tantas plásticas, para afinar nariz e lábios, diferenciando-os das feições mais habituais entre os negros. E, se o branqueamento da pele não se deveu a doenças, conforme às vezes se informou, terá sido outra prova de que o cantor fugia do racismo.

A BOBAGEM DOS SUPERSALÁRIOS
Não leve a sério a história dos supersalários da Petrobras. Se a média salarial da estatal é de R$ 60 mil mensais, está na média de executivos de multinacionais do setor. Se os executivos não são bons, que sejam trocados; mas ninguém pense que Shell, Total ou Exxon pagam menos que isso para seus diretores. Quem achar que é moleza, candidate-se.




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