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Desmatamento

O ministro do Meio-Ambiente, Carlos Minc, queixa-se do desmatamento da Amazônia e promete encontrar os culpados

Carlos Brickmann
22/07/2009 | 00:00
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O ministro do Meio-Ambiente, Carlos Minc, queixa-se do desmatamento da Amazônia e promete encontrar os culpados. É fácil: basta olhar para seus colegas de governo, basta olhar para seus colegas ministros de governos anteriores.

Há muitos anos, em diversas gestões, agricultores receberam pequenas áreas do Incra a título de reforma agrária. Como todos os proprietários, só poderiam desmatar metade da área. Mas a terra era de baixa qualidade; pior, o governo entregou a terra e não investiu na infraestrutura prometida. Mesmo que o agricultor conseguisse produzir nas suas terras ruins, não teria como retirar a produção. Resultado: por questão de sobrevivência, o pequeno proprietário desmatou o lote inteiro, vendeu a madeira e plantou pasto (muitas vezes para gado de terceiros). E passou a prestar serviços para os agricultores maiores.

Ruim? Não: o ruim vem agora, quando esses pequenos lavradores estão sendo notificados oficialmente de que têm passivos ambientais que devem ser corrigidos. Eles não têm condições financeiras de corrigir nada; e, se encontrassem uma maneira de resolver o problema, continuariam com o outro, de fazer produzir a terra ruim e de escoar a produção. Não dá nem para vender a área, exceto para um grande agricultor, se houver um nas vizinhanças (e que vai pagar o mínimo possível, pois sabe que o vendedor não tem outra saída). E às vezes o custo da correção ambiental é mais alto que o valor da terra. Os pequenos lavradores podem abandonar seus lotes, o que é mau. Ou viver na ilegalidade, o que é mau.

DIVIRTA-SE

Tem coisa que só contando ninguém acredita. Mas a gente conta e prova. O governador paulista José Serra, com aquela ginga que lhe é natural, aquela malemolência toda sua, inzoneiro qual mulato de Ary Barroso, cantou o Baião número 1 de Luiz Gonzaga (Eu vou mostrar pra vocês/como se dança o baião) em dueto com Dominguinhos. A prova: www.youtube.com/watch?v=wHui9L4Xago. Eleição que se aproxima não é santo, mas faz milagres.

SERRA, AME-O OU DEIXE-O

Por falar em Serra, é preciso olhar com muito cuidado a tal da Substituição Tributária paulista, que parece mais uma maneira de ordenhar o bolso do contribuinte. O ICMS sempre foi cobrado em cada etapa de venda de um produto, e apenas sobre o valor agregado (ou seja, se o comerciante compra por R$ 10 mil e vende por R$ 12 mil, paga sobre R$ 2.000). Com a substituição tributária, quem paga tudo é o primeiro vendedor - que é obrigado a calcular por que preço o produto vai chegar ao mercado. Não dá: em regiões pobres, os preços costumam ser mais baixos que em cidades ou bairros ricos. E se houver cobrança a mais? Pois é.

Qual a reação do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, (aquele que queria crucificar sonegadores) diante dos pedidos de reconsideração? Disse que é isso mesmo, que quem reclama é sonegador e pode ir embora de São Paulo. Não lembra um slogan da ditadura militar, que mandou Serra para o exílio?

ADEUS, BOTO!

Gilberto Mestrinho foi prefeito de Manaus, várias vezes governador do Amazonas, senador; mas, mais do que isso, foi o grande cacique amazonense por mais de 20 anos. E, com todo o seu coronelismo, Mestrinho, que morreu domingo, era inteligente, divertido, capaz de brincar com os próprios defeitos.

1 - Dele se dizia, por exemplo, que tinha uma mulher em cada cidade. Um duro adversário, o bom escritor Márcio de Souza, o apelidou de Boto Tucuxi - lembrando a lenda amazônica do boto que se transforma à noite em um belo rapaz e engravida as donzelas. Mestrinho passou a levar brinquedos em suas viagens e distribuí-los às crianças. Alegava que "podiam ser seus filhos". Ganhou votos.

2 - Ria dos ecologistas. Uma vez, liberou a caça de jacarés, e a delegada do Ibama protestou. Mestrinho disse que não queria briga: ele convenceria os caboclos a não caçar jacarés. E o Ibama convenceria os jacarés a não comer caboclos.

3 - Em uma reunião de meio ambiente em Nova York, usava cinto de jacaré, e o mostrou a uma ecologista das mais radicais. Ela espumou. Ele contou: "Sabe onde comprei este cinto? Aqui em Nova York, naquela banca ali em frente".




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