Nunca dantes neste País, como diriam O Cara e A Coroa, houve um evento tão apropriado, num momento tão exato: amanhã, na Câmara dos Deputados
Nunca dantes neste País, como diriam O Cara e A Coroa, houve um evento tão apropriado, num momento tão exato: amanhã, na Câmara dos Deputados, com início previsto para as nove da manhã, realiza-se o 1º Seminário dos Palhaços Brasileiros. É, como convém, uma iniciativa pluripartidária: o Seminário dos Palhaços foi proposto por um deputado do PDT, um do PT, um do PV e um do PMDB. É, como convém, uma iniciativa interestadual, já que um deputado é do Mato Grosso do Sul, um da Bahia, um de Pernambuco e um de Santa Catarina. O objetivo do Seminário, destacado no site da Câmara, é "debater temas como a regulamentação da profissão, a banalização da imagem do palhaço pela mídia e a instituição de um dia nacional de homenagem aos palhaços". É triste diminuir as expectativas dos profissionais com este magno evento, mas o 1º Seminário dos Palhaços Brasileiros pode até rebaixar o status social dos envolvidos. Hoje, a associação que os congregar terá milhões e milhões de integrantes, boa parte deles consciente de seu lugar na sociedade. A regulamentação fará com que o número se reduza dramaticamente, permitindo que as ligações profundas que todos sentem com esta honrada profissão se esgarcem com diplomas, registros, inscrições no Ministério do Trabalho. Pois qual faculdade, que agência oficial, que sindicato poderia ser mais eficiente, ao dar o diploma de palhaço, do que a oportunidade de assistir ao espetáculo dos dólares na cueca ou do dinheiro no cofrinho - quem diria que o cofrinho serviria para guardar dinheiro?
PALHAÇOS NO SALÃO
Mas não se preocupe, caro leitor: nossos parlamentares sempre sabem o que fazem. Lembre-se de um palhaço, com aquelas roupas largas, aqueles sapatos enormes, em que caberiam não apenas pés mas quantias igualmente imensas, o nariz postiço, onde sempre é possível guardar uns trocados. Não, o Seminário dos Palhaços não é piada pronta: é jeito, quem sabe, de facilitar as coisas.
A FESTA DO CLIMA
O Brasil está mais preocupado com o aquecimento global do que qualquer outro país do mundo. A delegação brasileira à 15ª Conferência da ONU sobre o clima, em Copenhague, tem 785 pessoas, mostrando a importância que nossa Nação dá ao tema, em especial quando passagens, hospedagem, alimentação e diárias (quase duas semanas) correm por conta do caro leitor.
OPINIÕES DIVIDIDAS
As opiniões se dividem quanto à composição da delegação brasileira. Há quem diga que poucos entendem de clima: foram passear na Dinamarca, mas não sabem que nessa época faz frio de congelar. Mas há quem diga que certas pessoas entendem de clima, sim, e não apenas disso: diante do intenso frio que encontrarão, quem os condenará por comprar agasalhos de alta qualidade, na última moda, por conta do generoso Tesouro?
EUFORIA ANTECIPADA
Os tucanos estão festejando a pesquisa do Ibope que dá a José Serra a vitória no primeiro turno das eleições. Os petistas estão festejando a mesma pesquisa que mostra que a popularidade do presidente Lula subiu para 83%. Só que não há o que festejar. A pesquisa presidencial, a menos de um ano das eleições, pouco significa (e não podemos esquecer algumas variáveis importantes: o governador mineiro Aécio Neves vai trabalhar por Serra? Heloísa Helena não sai mesmo, e apoia Marina Silva? Se Heloísa Helena não sair e o Psol optar pelo lançamento de Plínio de Arruda Sampaio, a vantagem de Serra cai ou não?) E a fantástica popularidade de Lula só vale nas eleições se for transferida para Dilma. Lula é popular, mas não é candidato. Dilma herdará seus votos?
AGORA VAI
1 - O senador Eduardo Suplicy apresentou-se como pré-candidato do PT ao governo paulista. É a pressão irresistível das bases. Segundo disse, reuniu-se com grupo de eleitores e 30 insistiram em vê-lo candidato. 2 - O PSDC lançou seu presidente, José Maria Eymael, como candidato à Presidência da República. O telespectador não ficará privado daquela música que ele usa em todas as campanhas, "Ei, ei, Eymael."
OLHO NA CENSURA!
O Supremo Tribunal Federal julga hoje a censura imposta, a pedido do empresário Fernando Sarney, ao jornal O Estado de S. Paulo. Fernando, que administra os bens da família Sarney, conseguiu que a Justiça censurasse o noticiário do jornal sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que cita empresas do grupo. O Estadão está há quatro meses sob censura prévia.
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