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A guerra aérea das comissões

O presidente Lula está no canto do ringue: ou aceita a análise da FAB favorável aos supersônicos suecos Grippen

Carlos Brickmann
06/01/2010 | 00:00
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O presidente Lula está no canto do ringue: ou aceita a análise da FAB favorável aos supersônicos suecos Grippen (e desiste da palavra dada, em público, ao presidente francês Sarkozy), ou desafia a opinião técnica e opta pela análise de sua própria comissão, integrada por ele mesmo, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e a equipe do Itamaraty que participou das negociações. Que posição será menos comprometedora: com a FAB e contra a França, ou com a França e contra a FAB? Palavra de presidente volta atrás? Seria possível pedir ao senador Mercadante que o ajude a revogar a irrevogável decisão pela França? Afinal, o que o Brasil deseja? A compra dos caças supersônicos tem três funções principais: garantir a defesa aérea do país (os aviões mais provados são os Super Hornet da Boeing, em segundo lugar na análise técnica) sem gastar demais (os Grippen custam a metade dos Rafale franceses); desenvolver tecnologia (os Grippen ficam à frente dos concorrentes, porque estão em projeto e a indústria brasileira participaria de seu desenvolvimento); e buscar aliados que apoiem o desejo brasileiro de ocupar lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU (nesse caso, os Rafale estão na frente). E, não se esqueça, governo e FAB vêm ficando de mal já faz tempo. As primeiras pancadas partiram do presidente. Nos tempos do apagão aéreo, mandou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, conversar com militares insubordinados, passando por cima do ministro da Aeronáutica, Juniti Saito. Em 7 de setembro, anunciou, sem esperar o relatório da FAB, a decisão de comprar os caças franceses; e agora, no fim do ano, propôs mais uma comissão, agora a da Verdade, para apurar ilegalidades cometidas por militares, esquecendo o outro lado da luta. Talvez o relatório dos caças seja a primeira resposta da FAB.

BOM EMPREGO
Do Natal até o Carnaval, cada parlamentar federal receberá R$ 96 mil extraordinários. São o 14º e o 15º salários, mais quatro outros salários porque, afinal, nessa época as despesas aumentam. E que o leitor não resmungue: eleja-se que o dinheiro aparece.

O BOM BORIS
Como dizia famoso mestre há cerca de dois mil anos, quem nunca tiver pecado que atire a primeira pedra. Quem, entre os caros leitores, já não contou piada de português, de turco, de judeu, de preto, de anão, de japonês, de argentino, de loura burra? Essas piadas expressam preconceitos. E não têm nada de mais: aquilo que se fala em particular, sem intenção de causar o mal, não pode nem deve ser patrulhado, ou o mundo se transformará num grande 1984, com a submissão de todos os cidadãos à tirania do politicamente correto. O que está acontecendo com Boris Casoy, pessoa correta e jornalista de nível, é tentativa de character assassination. Boris falou apenas para quem estava a seu lado; falou em caráter privado. A abertura do microfone tornou público o que disse, mas sua intenção não era falar ao microfone. O mais curioso é que, entre os que o acusam mais ferozmente, há pessoas que enfrentam suspeitas. Terão mesmo traído seus companheiros, e por isso gritam tanto, tentando limpar-se?

O TRABALHO DO EDITOR
O que poucos parecem ter percebido é que Boris, ao criticar a opção pelos votos de Boas Festas transmitidos pelos garis, estava criticando o próprio jornal (e esta é sua função). Opções editoriais são discutíveis e contestáveis; no decorrer do tempo apura-se quem tem razão. Este colunista já divergiu de muitas opções editoriais de Boris; mas ele teve razão mais vezes.

VOLTA POR CIMA
Um dos maiores nomes do PMDB do Paraná, Maurício Fruet morreu cedo, quando era o deputado federal mais votado do Estado. Sua carreira foi retomada pelo filho Gustavo, que agora tenta voo mais alto: o Senado. Ele deve sair pelo PSDB e, segundo a Gazeta do Povo, tem em Curitiba o triplo das intenções de voto do governador Roberto Requião (PMDB). Além do apelo eleitoral, Fruet herdou do pai característica pouco habitual entre políticos: o bom-humor. Deixará mais amenas as áridas reuniões do Senado.

LULA LÁ
Agora ninguém segura: com as distinções internacionais que vem recebendo de uma série de publicações de credibilidade, o presidente Lula aproveita o restante do mandato para viajar pelo mundo e buscar novos sucessos. Em fevereiro, deve ir ao México e ao Caribe - com passadinha por Cuba, para tomar a bênção de Fidel Castro. Depois, visitará as forças brasileiras no Haiti.




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