Mais sete meses de trabalho em 2010? Isso é para o caro leitor, que não tem mordomias; é para quem não tem mandato parlamentar
Mais sete meses de trabalho em 2010? Isso é para o caro leitor, que não tem mordomias; é para quem não tem mandato parlamentar. Para o Congresso, para as assembleias, o ano está acabando. A vida parlamentar volta ao normal (ou seja, sem exageros de trabalho) em fevereiro de 2011 - e olhe lá!
Amanhã é feriado, o que indica semana mais curta. Em seguida há as convenções partidárias, que tomarão decisões importantíssimas: por exemplo, o PSDB deve indicar José Serra para a Presidência e o PT sai com Dilma Rousseff. A Copa do Mundo começa no dia 11 e paralisa tudo (menos as festas juninas, que destas não há quem deixe de participar). Em julho há o recesso parlamentar, mais bem guardado do que a fórmula da Coca-Cola. E as eleições, claro, ocupam o tempo restante. Que parlamentar deixará de fazer campanha só para realizar aquele trabalho para o qual foi eleito e pelo qual nós, contribuintes, pagamos?
Há o primeiro turno, há o segundo turno, há a comemoração dos vitoriosos. E começam então as festas de fim de ano. Ou já começaram: o deputado Ciro Gomes, do PSB, chateado porque sua candidatura à Presidência foi sufocada pelo presidente Lula, recebeu um belíssimo presente, a liberação de verbas orçamentárias superiores às de qualquer outro parlamentar. Ciro não deve ser candidato, mas certamente ficará mais entusiasmado depois do presente do barrigudinho de rosto vermelho e barba branca. Seu irmão Cid, governador do Ceará, após tamanha prova de carinho, também deve estar contente. Feliz Ano-Novo, Excelências!
É. MAS NÃO É.
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral, lembra que as multas sucessivas aplicadas ao presidente Lula e à Dilma Rousseff por campanha eleitoral antecipada não se esgotam em si: "Não basta satisfazer a multa e achar que está quite com a Justiça Eleitoral". As sucessivas multas serão levadas em conta caso haja pedido de impugnação da candidatura. Lula, especialmente, vem debochando das multas que lhe foram impostas. O ministro Marco Aurélio tem toda a razão: lei é lei e não pode ser ridicularizada. Mas, na prática, como impugnar uma candidata que tem apoio do presidente e é favorita de aproximadamente 1/3 dos eleitores nas pesquisas de opinião?
Um bom tema para debates: as multas são punição irrelevante, a impugnação é forte demais. Qual o meio-termo para que a punição seja aplicada e funcione?
É CARO - MAS QUEM PAGA?
A coligação que apoia José Serra pedirá ao TSE que Dilma Rousseff seja obrigada a devolver ao Tesouro o dinheiro gasto com 26 viagens que considera puramente eleitorais - aquelas em que o presidente Lula carregou Dilma por todo o País para apresentá-la como responsável pelas obras que visitava. Tudo bem, é muito dinheiro; tudo bem, o órgão mais sensível do corpo humano é o bolso. Mas de uma coisa todos podem ter certeza: mesmo que a devolução seja aprovada, o dinheiro não sairá do bolso de ninguém em particular. Não vai doer - e a questão continua sendo a mesma: que tipo de punição pode ser aplicada, de verdade, a quem viola as normas eleitorais? Devolução de dinheiro é chato, impugnação de candidatura dá trabalho, mas os julgamentos são complexos, demoram muito, e no fim fica tudo mais ou menos do mesmo jeito.
OS ASSASSINOS E O GOVERNO
Um esquadrão da morte formado por policiais militares está sendo investigado pela Polícia Civil paulista. O grupo é suspeito de 23 assassínios e 17 tentativas de homicídio. A suspeita é de que o grupo agiria a pedido de criminosos de outros bandos, mediante pagamento. Importante: o Estado de São Paulo é governado desde 1994 por um único partido, o PSDB. Se a polícia não está sob controle não é por falta de tempo: o que faltou foi vontade ou competência.
DUDA VEM CHEGANDO
Quem comanda a campanha de Skaf ao governo é Duda Mendonça. Há um ano, Duda foi contratado pela Fiesp, entidade presidida por Skaf, "com a tarefa de padronizar a comunicação das entidades" (Fiesp, Ciesp, Sesi, Senai e Instituto Roberto Simonsen). Skaf já era candidato ao governo, mas garantiu que a contratação de Duda não tinha nada a ver com isso.
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