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Deus, Pátria, Brasília

Todos os anos, em 19 de março, Dia de São José, a igreja de São José, em São Paulo, dedica uma missa aos Josés

Carlos Brickmann
13/10/2010 | 00:00
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Todos os anos, em 19 de março, Dia de São José, a igreja de São José, em São Paulo, dedica uma missa aos Josés. Nunca houve, ao que se saiba, registro da presença de Serra. Dilma, que segundo Frei Betto é uma católica fervorosa (e, com esse status, tem como obrigação assistir a uma missa semanal), não deve nem saber onde fica a igreja mais próxima. Foi a uma para o batismo do neto, e certamente olhou para outra pessoa com aparência de religiosa para ajoelhar-se na hora certa. Em campanha, foi pela primeira vez à Basílica de Aparecida, disse ter tido educação religiosa, mas errou ao persignar-se.

Como disse o protestante Henrique de Navarra, que guerreou com os católicos por nove anos para chegar ao trono francês, como Henrique 4º, "Paris bem vale uma missa". Converteu-se em 1593 ao catolicismo, concedeu liberdade religiosa aos protestantes, fez a paz com o Vaticano e manteve as próprias convicções - uma de suas assessoras preferidas era Gabrielle d'Estrées, que acumulava o cargo de amante.

Brasília vale mais do que Paris: vale uma missa, um culto, uma sessão. Para quê? Henrique 4º eliminou as guerras religiosas na França, lançou a ideia de "uma galinha em cada sopa", fundou uma grande casa real (Juan Carlos da Espanha, que tanto contribuiu para a democracia, é seu descendente). Já Brasília vale Erenice e a família de Erenice, vale luxos e inimagináveis mordomias, vale o beija-mão de antigos inimigos. Oremos!

SEM TERGIVERSAÇÕES

Dilma esteve na Basílica Nacional, em Aparecida, protegida de ambos os lados: à direita, Gabriel Chalita, biógrafo de Lu Alckmin, ligado à conservadoríssima organização católica Canção Nova, dirigida pelo padre Jonas Abib; à esquerda, por Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula e ligado à Teologia da Libertação. Dilma não comungou. Antes, teria de confessar.

DÚVIDA 1

Se os candidatos têm várias caras, de duas a 1.000, como foi amplamente dito no debate da Bandeirantes, por que usam justo as atuais?

DÚVIDA 2

Dilma Rousseff disse duas vezes, no debate, que o Brasil é o País onde árabes e israelenses se sentam amigavelmente à mesma mesa. Este colunista deve ter tido um ataque súbito de amnésia (juntamente com os jornais): quando é que árabes e israelenses se sentaram juntos no Brasil?

A ESCOLHA DE CIRO

Não se surpreenda com a inclusão de Ciro Gomes entre os coordenadores da campanha de Dilma - mesmo depois de ele ter atacado os partidos aliados, de ter dito que considerava Serra mais bem preparado para a Presidência, de ter considerado a coligação governista um "tráfico de tempo de televisão". E por que o presidente Lula, que conhece o jogo, relevou os ataques? Por que é melhor ter Ciro jogando pedras de dentro para fora do que de fora para dentro. Ciro disse que Lula perdeu a humildade. Pode ser; mas a habilidade continua igualzinha.

PRISIONEIRA DE SI

Marina Silva não deve dar apoio a nenhum dos candidatos à Presidência. A neutralidade é sua única saída. Uma imensa parte do voto em Marina foi dedicada à pessoa, muito mais do que a suas ideias; uma pessoa simples, honesta, correta, que é o que é. Marina não convocou cabeleireiros caríssimos, não contratou estilistas, não disse, conforme o lugar, que era ateia, evangélica ou católica, não cantou com Dominguinhos nem dançou forró, não fez treinamento para sorrir. Apresentou-se sem retoques: é evangélica, portanto de uma igreja minoritária; é contra o aborto (embora entregue a decisão a um plebiscito), reconhece boas qualidades tanto nos petistas como nos tucanos. É ótimo, mas não é transferível.

ALOIZIO, ALOOOOÔ!

De Aloizio Mercadante, empenhado em conquistar o apoio de Marina Silva para Dilma: "Meu coração e o de Marina batem do mesmo lado, o esquerdo". Coincidência! Pois não é que o deste colunista também?




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