Chega: a fórmula dos debates já mostrou que está esgotada. O último parecia o penúltimo, que parecia o anterior
Chega: a fórmula dos debates já mostrou que está esgotada. O último parecia o penúltimo, que parecia o anterior: mil caras, duas caras, Paulo Preto, Erenice Branca, 43 Popocs para um adversário, 37 Cenpopocs para o outro, enormes aumentos de salário-mínimo, de bolsa família, de aposentadoria - tudo, claro, se Deus quiser, ambos reverentes e compungidos diante de Sua Divina Autoridade.
Imagina-se que um debate entre candidatos tenha como objetivo mostrar à população o que pensa cada um deles, com a resposta imediata do adversário. Mas como mostrar algo à população nos fins de noite, quando quem trabalha cedo já está dormindo? Como esclarecer o que pensa cada candidato quando se sabe que cada opinião ali expressa foi moldada para agradar o eleitor?
São debates, sabatinas, palestras. Não dá, também: até a associação de torcedores do Íbis reivindica a presença dos candidatos e promete levar os eleitores, em três kombis especialmente fretadas, ao debate, ou sabatina, ou palestra. A agenda dos candidatos acaba submetida à lógica da programação das emissoras, ou do prestígio das entidades que os convidam.
Debate só vale a pena se: a) não forem em número excessivo; b) a organização couber a entidades da sociedade civil, não a empresas particulares ou associações de classe; c) tenham normas que liberem perguntas e respostas, sem engessamentos, sem que o cuco marcador de tempos mande até no pensamento dos candidatos. Ou isso, ou os debates são desnecessários. E, pior ainda, chatíssimos.
O DEBATE AMERICANO
A era dos debates na política moderna foi inaugurada nos Estados Unidos, com o duelo Kennedy x Nixon. Lá, os debates são organizados por entidades apartidárias, não pelos meios de comunicação; a imagem é liberada para quem quiser transmiti-los. Há até mais duelos do que no Brasil, mas por um motivo específico: lá ganhou muita força o debate específico, em que os candidatos discutem determinados temas ou determinadas regiões. No Brasil, o SBT Nordeste, grupo de dez emissoras de oito Estados, promoveu nesta campanha debate regional, o primeiro do País, com grande êxito - embora Dilma tenha desistido de participar, depois de deixar tudo acertado. Um debate deste tipo é interessante porque leva os candidatos a expor seu pensamento sobre pontos específicos.
A LUZ INVISÍVEL
Fora o manto diáfano da fantasia (até o cidadão que jamais saiu da Lapônia sabe que nem Dilma nem Serra são religiosos, que esses aumentões nas benesses só vão sair quando Lula raspar a barba, que quem define suas posições favoráveis ou contrárias ao aborto são os institutos de pesquisas), o que se soube nos debates é que Dilma adora a expressão "no que se refere" e Serra prefere "trololó".
FIM DAS PESQUISAS
E, já que falamos no assunto, o Pai das Pesquisas, aquele estranho ser que acertava as previsões, morreu na Alemanha. O polvo Paul, que acertou muito mais na Copa do que - bem, o caro leitor sabe quem - já estava velhinho. Terá um substituto da mesma espécie, também chamado Paul.
É HORA DE SONHAR
A mentira, como sabemos, é uma verdade que não aconteceu. Um programa de governo é uma verdade que dificilmente acontecerá. Mas Dilma bem que está se esforçando: apresentou seu terceiro plano (o primeiro foi o que ela disse ter assinado sem ler, o segundo foi uma versão diet do primeiro, o terceiro é mais vinculado às eleições, com 13 pontos - 13 é o número do PT). Serra, talvez mais preguiçoso, ficou num plano só - se é que se pode chamar de ‘plano de governo' um maço de papéis com dois discursos, devidamente grampeados juntos. Se for para valer, será a primeira vez na história deste País. Para que esforçar-se?
CADA VEZ AUMENTA MAIS
O presidente Lula festeja hoje seu aniversário, no Palácio do Planalto. Haverá muita gente: os amigos, os que querem parecer amigos, os que sabem que o importante é estar no cordão dos parabéns. Lula, aos 65 anos, já deve estar fazendo as contas: em 2014, terá 69. Dá tranquilamente para disputar de novo.
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