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Quem usa, cuida

O caro leitor, com certeza, já disse que era mais feliz antes de ser informado de alguma coisa desagradável.

Por Carlos Brickmann
19/06/2011 | 00:00
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O caro leitor, com certeza, já disse que era mais feliz antes de ser informado de alguma coisa desagradável.

Pois tenha a certeza de que o sigilo nos gastos públicos com a Copa e os Jogos Olímpicos é melhor para todos (para eles, é óbvio; mas também para nós). Os custos já estão explodindo. Alguns por incompetência, e sabemos perfeitamente que entre as otoridade há muitas que já provaram não ser capazes de nada. Outros porque sempre haverá gente disposta a molhar a mão (e talvez até já esteja molhando), e esses já provaram que são capazes de tudo. São fatos sabidos, com sigilo ou sem sigilo. Se obtivermos detalhes das coisas sórdidas, sabemos também que tudo vai ficar por isso mesmo. Lembremos: até hoje não foi apurado o escândalo dos dólares na cueca daquele cavalheiro, e ele continua numa boa. Seu chefe, que era deputado estadual, agora é deputado federal, e foi o relator deste projeto do sigilo. Por que achar que daqui pra frente tudo vai ser diferente?

Este é um país que respeita as tradições. Nos tempos da ditadura, iniciou-se uma caríssima rodovia entre Rio e Santos, que jamais foi concluída (a Rio-Santos de hoje é uma colagem das antigas estradas que ligavam as praias). Mas há, no meio do mato, coisas fantásticas - como um túnel que se tornou famoso por lhe faltar o tradicional morro em cima. Os responsáveis vão bem, obrigado.

Já que sabemos o rumo das coisas, protestemos contra o conjunto dos fatos. Saber da ladroeira é suficiente. Conhecer os detalhes pode fazer mal ao fígado.

DESENVOLVIDOS, SUBDESENVOLVIDOS

Eles têm Ipad, Ipod, Iphone. Nós temos Ideli.

DA RAIZ AO UBRE

Mas Ideli não é a causa da crise na base do governo. A causa é bem mais simples: o PT, com 24% das bancadas governistas no Congresso, recebeu 70% dos cargos federais. Nos romances policiais, o detetive procura a mulher que motivou o crime. No caso Watergate, a principal fonte dos repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward recomendava que acompanhassem o caminho do dinheiro.

Nas crises políticas brasileiras, é recomendável monitorar as tetas públicas.

UM POUCO DE CONFORTO

Primeiro foi o ministro Antonio Palocci, que comprou o apartamento de pouco mais de R$ 6 milhões, com o rendimento, segundo explicou, de sua empresa de consultoria. Um dos que o criticaram mais duramente foi o governador da Bahia, o também petista Jaques Wagner - que, a propósito, acaba de comprar magnífico apê no Corredor da Vitória, região valorizada de Salvador. Um apartamento igual ao dele custa R$ 2,1 milhões. O de Wagner, segundo ele informa, custou baratinho, R$ 1,45 milhão.

FAÇA-SE A LUZ

O secretário da Energia de São Paulo, José Aníbal, conversou com o ministro das Minas e Energia, Édison Lobão, para que juntos pressionem a AES-Eletropaulo, que fornece eletricidade a São Paulo quando não chove e não venta, para que invista na melhoria dos serviços. Mas Aníbal tem ideias próprias: quer que as empresas paulistas troquem seus caríssimos geradores a óleo por novos, a álcool, e os mantenham ligados, para aumentar a oferta de energia.

Como foi mantido no cargo, a política é essa. E Alckmin comandou as privatizações do governo Covas - o que incluiu a Eletropaulo. Ele conhece como ninguém os deveres e direitos da AES-Eletropaulo. É só aplicar o contrato.

O ÁLCOOL É DELES

Feliz com a decisão do Senado norte-americano de cancelar a taxa cobrada do álcool importado e de suspender os subsídios ao álcool produzido nos Estados Unidos? Em parte, há motivo para alegria: o maior mercado do mundo passa a permitir que o Brasil entre no jogo. Mas não exagere: o álcool brasileiro é insuficiente até para o mercado interno, nossas usinas não aumentam a produção e temos importado álcool norte-americano - embora todos os especialistas digam que a cana é mais econômica que o milho, de onde sai o etanol dos Estados Unidos.

A BOLA ESTÁ CONOSCO

De qualquer forma, a abertura do mercado norte-americano é uma boa notícia. E o Brasil também deu um passo no caminho correto: a produção de álcool, antes subordinada ao Ministério da Agricultura, passa à ANP, Agência Nacional de Petróleo. O álcool deixa de ser considerado apenas um produto agrícola e recebe tratamento mais nobre, de combustível.

ALEGRIA DEMOCRÁTICA

O ministro da Educação, Fernando Haddad, tem dito a amigos que está disposto a tentar eleger-se prefeito de São Paulo, pelo PT. Excelente notícia: para candidatar-se, ele precisa deixar o Ministério da Educação. Democracia é ótimo!

OS MARCOS DE HADDAD

Fernando Vaiddad (o apelido nem precisa ser explicado) marcou sua gestão no Ministério da Educação com vazamentos de provas do Enem, com o famoso livro do "nós pega os peixe" e com a Nova Matemática, pela qual 10-4=7.




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