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De conversa em conversa

Que os dois conversaram, conversaram: o encontro foi confirmado pelo dono da casa, o ministro aposentado Nelson Jobim. Qual o tema da conversa?

Carlos Brickmann
30/05/2012 | 00:00
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Que os dois conversaram, conversaram: o encontro foi confirmado pelo dono da casa, o ministro aposentado Nelson Jobim. Qual o tema da conversa?

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, dá sua versão: o ex-presidente Lula pediu que o julgamento do Mensalão ficasse para mais tarde. Lula negou, indignado, que tenha feito o pedido. E liberou sua tropa de patrulheiros para insultar quem, à primeira vista, acreditou na versão de Gilmar Mendes.

Mas há muito a esclarecer. Primeiro, não é adequado que um juiz visite um advogado em seu escritório. Melhor seria que o advogado Jobim fosse oficialmente ao gabinete do juiz. Segundo, por que a demora na divulgação da história? Terá havido algum compromisso que deixou de existir? E qual a relação de confiança Mendes-Lula, já que ambos sempre pareceram hostis um ao outro?

O fato é que, seja qual for a verdade, há nela um delito embutido. Pressionar um juiz é crime, ainda mais prometendo-lhe controlar investigações sobre ele na CPI do Cachoeira; e imputar falsamente este delito a alguém também é crime. Em ambos os casos, agrava-se o problema pela tentativa de influenciar um julgamento que põe em jogo o futuro e a liberdade de pessoas importantes.

A hora da xingação já se esgotou. O que cabe agora é investigar os fatos, descobrir e provar o que realmente ocorreu, processar quem tiver de ser processado e, ao menos uma vez, livrar Justiça e política da armadilha da fofocagem. Insulto é arma de quem não tem argumentos. O importante é garimpar a verdade.

JOBIM SIM, JOBIM NÃO

O excelente colunista político Jorge Bastos Moreno, de O Globo, conversou com Jobim logo que Veja publicou a notícia. Jobim, disse Moreno, afirmou-lhe que o encontro tinha sido casual, que Gilmar costuma ir a seu escritório e apareceu sem saber que Lula estava lá. Depois, disse aos jornais que Lula lhe havia pedido para chamar Gilmar. Pergunta Moreno: em qual Jobim devo acreditar? Este colunista, que viu Jobim gabar-se introduzir itens não votados na Constituição, que o viu militando entusiástico nos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma, que sendo ministro de Lula votou em Serra, dá uma sugestão a Moreno: em nenhum deles. Jobim seria o nome ideal para uma Comissão da Inverdade.

JUÍZES EM BERLIM

A história, amplamente espalhada por seguidores do presidente Lula, de que Gilmar Mendes viajou a Berlim em companhia do senador Demóstenes Torres, às custas do bicheiro Carlinhos Cachoeira, pode ser facilmente esclarecida:

a) Quem comprou a passagem do ministro Gilmar Mendes e qual foi o meio de pagamento utilizado?

b) É ou não hábito de Gilmar Mendes ir a Berlim, conforme disse, para visitar sua filha? Caso seja, como costuma normalmente pagar sua passagem?

c) Havia na ocasião qualquer mancha conhecida na reputação de Demóstenes Torres, que tornasse inconveniente um encontro de Mendes com ele?

d) Ocorreu mesmo a viagem simultânea de ambos a Berlim, na mesma companhia, no mesmo horário? Terão ido de avião particular? No caso, de quem?

DIA D, HORA H

Guarde na agenda: no dia 31, amanhã, às 10h15, o senador Demóstenes Torres será ouvido na CPI do Cachoeira. Demóstenes garante que, ao contrário de Carlinhos Cachoeira, vai responder às perguntas. Claro, responder às perguntas permite um certo jogo de sombras. Mas que há coisas que ele sabe, isso há. E se resolver compartilhar seus conhecimentos, vai haver mocinho virando bandido e bandido famoso transferido para o Juizado de Pequenas Causas.

A CULPA DA IMPRENSA

Quem disse que as elites representadas no Congresso, com apoio da grande imprensa, conspiraram contra o governo com o objetivo de impedir a modernização do País e modernizar o governo?

a) Fernando Collor de Mello

b) Luiz Ignácio Lula da Silva

c) Ambas as alternativas, mas com 20 anos de diferença entre uma e outra.




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