Prefeito de Diadema cita aperto jurídico, culpa PT e
diz que povo vai ajudar a definir futuro da autarquia
O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), afirmou que é “judicialmente inevitável” entregar a Saned (Companhia de Saneamento Básico de Diadema) para a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para o abatimento total da dívida de R$ 1 bilhão que o município tem com a estatal.
“Estou tentando tornar (a cessão da Saned ao Estado) evitável na mesa de negociações com a Sabesp”, disse o verde. “Mas não há muito o que fazer. O PT deixou a situação da Saned no brejo. O (José de) Filippi (Júnior, PT) e o Mário (Reali, PT) armaram uma bomba-relógio e colocaram no meu colo.”
Lauro afirmou que tem costurado, junto ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a diretora-presidente da Sabesp, Dilma Pena, benefícios implementados depois da criação da Saned, em 1994, como a tarifa social. “Também não vou abrir mão da manutenção dos 330 funcionários (da autarquia municipal).”
Apesar do futuro da Saned praticamente definido, o chefe do Executivo revelou que, nos próximos dias, vai publicar decreto convocando sociedade civil a debater o destino da empresa de saneamento de Diadema. Entre as entidades que serão convidadas a opinar estão a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ACE (Associação Comercial e Empresarial de Diadema), Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Igreja Católica e conselho de pastores.
“Não vou decidir (o que será feito com a Saned) sozinho, a cidade vai me ajudar. Essa decisão será feita em conjunto com a sociedade, sem envolver partidos políticos. O tema já tem interferência política demais”, alegou o verde.
Segundo Lauro, a intenção do governo é finalizar o imbróglio com a Sabesp “até o fim do primeiro ano de gestão”. Em entrevista ao Diário, Dilma Pena previu solução da novela dentro de três meses.
MIRA NO PASSADO
Admitindo perder a Saned para a Sabesp, o atual prefeito não perdoou seus antecessores nem o PT pela dívida bilionária que virou principal problema administrativo de seus primeiros sete meses de governo.
Para Lauro, o projeto da Caed (Companhia de Água e Esgoto de Diadema), empresa de capital misto entre município e Estado idealizada por Reali, era “horrível”. “Tanto que o Mário, em dois anos com a confirmação da Sabesp para tocar o projeto, nunca o tirou do papel.”
O verde disse que petistas que o criticam pela possibilidade de venda da Saned precisam “comprar óleo de peroba” antes de avaliar a situação. “Tem vereador do PT que fala demais e nem conhece a Caed.”
Para verde, CPI atrapalha as negociações
Para o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), a instalação da CPI da Saned (Companhia de Saneamento Básico de Diadema) prejudica as negociações com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para amortizar a dívida bilionária da cidade com o governo estadual.
O verde anunciou que vai chamar a base governista, responsável pela aprovação da comissão para averiguar o passivo bilionário, para tentar adiar o fim do segundo semestre o início das investigações do deficit.
“Pode atrapalhar, sim. Estamos no meio de tratativas delicadas e que qualquer fator externo pode influenciar”, avaliou o chefe do Executivo. “A CPI já está instaurada, mas não precisa ser aberta agora. Pode ser quando a negociação (com a Sabesp) estiver findando. Depois disso, pode haver a devassa.”
Autor do pedido da CPI, o governista Atevaldo Leitão (PSDB) rejeitou adiar o início dos trabalhos. Segundo o tucano, a comissão dificilmente vai respingar no governo Lauro ou no chefe de Gabinete do Paço, Francisco José Rocha, que foi secretário de Finanças da gestão de Gilson Menezes (PSB), entre 1997 e 2000.
“O PT tenta jogar a responsabilidade para a administração do Lauro, mas o trabalho vai indicar que eles foram os que mais contribuíram para a situação estar desse jeito”, justificou. “A população pode ter certeza que essa CPI não vai terminar em pizza”, garantiu.
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