Vereadores querem investigar origem da dívida de
R$ 1 bilhão da empresa municipal com a Sabesp
A Câmara de Diadema aprovou ontem, por unanimidade, a instalação da CPI da Saned (Companhia de Saneamento Básico de Diadema). O objetivo da comissão será investigar origens da dívida de R$ 1 bilhão da autarquia municipal com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
A confirmação da CPI foi o desfecho de uma sessão tensa e marcada por protestos dos servidores da Saned. Cerca de 30 funcionários da empresa acompanharam os trabalhos e pediram solução da Prefeitura sobre a novela que se arrasta desde 2007.
O Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), entidade que representa os servidores da Saned, exigiram dos vereadores a manutenção da autarquia para garantia dos 330 postos de trabalho.
Eles criticaram a proposta da Sabesp, relevada pela diretora-presidente Dilma Pena em entrevista exclusiva ao Diário, de reassumir o serviço de água e esgoto em troca do abatimento total da dívida bilionária.
“Entregar a Saned é suicídio. É uma empresa lucrativa, uma mina de ouro. E eles (Sabesp) querem colocar essa mina de ouro na Bolsa de Valores”, frisou Roberto Alves Silveira, o Gaúcho, diretor do Sintaema.
Vereadores então começaram a bater boca sobre o adiamento, por três meses, do projeto que efetivava a criação da Caed (Companhia de Água e Esgoto de Diadema), empresa de capital misto entre Prefeitura e Estado projetada no governo do ex-prefeito Mário Reali (PT) e já rejeitada pela Sabesp.
No meio do embate, o parlamentar situacionista Luiz Paulo Salgado (PR) sugeriu a instalação da CPI, que quase instantaneamente recebeu aval da bancada petista. O bloco governista decidiu também apoiar a CPI.
Os petistas defenderam a comissão porque, na avaliação da oposição, a investigação pode recair em Francisco José Rocha, chefe de Gabinete do prefeito Lauro Michels (PV).
Em 1997, quando era secretário de Finanças da administração Gilson Menezes (PSB), Rocha optou pelo não seguimento o plano de pagamento da dívida pelo rompimento unilateral do contrato da Prefeitura com a Sabesp. O então titular de Finanças convenceu Gilson a contestar o passivo na Justiça. Essa ação foi vencida pela Sabesp.
O documento para abertura da CPI teve como autor o vereador Atevaldo Leitão (PSDB). “Claro que a Saned tinha seus superintendentes, mas o modelo de gestão é ditado pelo prefeito. Não se pode responsabilizar um secretário por uma atitude chefiada pelo prefeito”, justificou o tucano.
A declaração indica que a comissão vai focar em eventuais responsabilidades dos chefes do Paço dos últimos 20 anos: José de Filippi Júnior (PT), Gilson e Mário Reali (PT).
REUNIÃO
Ontem, Lauro se reuniu com o secretário da Casa Civil do governo do Estado, Edson Aparecido, para mais uma rodada de negociações com o Palácio dos Bandeirantes sobre o passivo bilionário.
Participaram também do encontro Dilma Pena e o diretor-presidente da Saned, Elbio Camillo Júnior.
Apesar de a reunião acolher os protagonistas do processo, o acordo não avançou.
Na quarta-feira, Francisco José Rocha e técnicos do Paço foram à Sabesp para tentar destravar o imbróglio. Está agendada nova rodada de tratativas para terça-feira,na sede da autarquia estadual.
Situação da autarquia será tema de plebiscito e audiência
Além da instalação da CPI da Saned (Companhia de Saneamento Básico de Diadema), a Câmara aprovou a criação de um plebiscito e audiência pública para apurar a dívida bilionária do município com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
A proposta de plebiscito foi apresentada pela bancada do PT. “Queremos ver se a população quer a manutenção da Saned ou retroceder com os serviços que eram prestados pela Sabesp até 1994”, discorreu o vereador Josa Queiroz, também presidente do PT.
Na ótica petista, a consulta popular vai reforçar a batalha pela continuidade da Saned, rejeitando a proposta feita pela diretora-presidente da Sabesp, Dilma Pena, em reassumir os serviços de água e esgoto em troca da quitação total do passivo de R$ 1 bilhão da Prefeitura.
A audiência pública foi um pedido do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), que quer ouvir do prefeito Lauro Michels (PV) o posicionamento do governo sobre o imbróglio. Em entrevistas passadas, Lauro disse que não pretende se desfazer da Saned.
A atividade está marcada para o dia 9 de agosto, às 14h.
MANIFESTAÇÃO
De manhã, trabalhadores da Saned protestaram em frente à Prefeitura e à Secretaria de Saúde pela manutenção da empresa municipal.
Os líderes do movimento foram recebidos, no Paço, pelo chefe de Gabinete, Francisco José Rocha, o diretor-presidente da Saned, Elbio Camillo Júnior, o secretário de Gestão de Pessoas, Gesiel Duarte, e o assessor especial Adler Kiko Teixeira.
“A obrigação deste governo é oferecer serviço de qualidade, fazer uma gestão pública eficiente para a população, juntamente com a sociedade. E vocês são os nossos fiscais”, afirmou Rocha, por nota. “Recebemos a pauta de reivindicações e vamos discutir cada um dos itens para dar as respostas.”
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