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Como vice-prefeito
posso ter mais votos,
avalia Hélcio

Vice-prefeito de Mauá, Hélcio Silva (PT) enxerga cenário bem mais favorável no próximo ano para, desta vez, se eleger deputado federal

Bruno Coelho
Do Diário do Grande ABC
09/07/2013 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Vice-prefeito de Mauá, Hélcio Silva (PT) enxerga cenário bem mais favorável no próximo ano para, desta vez, se eleger deputado federal. Para ele, a eleição municipal do ano passado e o cargo que exerce na administração aumentam seu capital eleitoral. Essa pode ser a terceira vez que o petista pleiteia um dos 513 assentos da Câmara dos Deputados: em 1998 angariou 41.672 votos e, em 2010, 64.938 sufrágios, quantidade insuficiente, em ambas as ocasiões, para se eleger. Mas a última votação – aliada ao chamamento de deputados para ministérios e governos municipais e ao Mensalão – coloca o mauaense como primeiro suplente, na iminência de ficar com a vaga. Ele já acertou com o prefeito Donisete Braga (PT) que vai assumir a cadeira caso seja chamado. Contudo, o diálogo mais travado é sobre sua candidatura no ano que vem. Secretário de Serviços Urbanos, Rogério Santana (PT) também mira a campanha a deputado federal e, por enquanto, não sinaliza acordo.

DIÁRIO – Passado o primeiro semestre na administração Donisete, como o sr. enxerga esses trabalhos iniciais e principais dificuldades herdadas?

HÉLCIO SILVA – No geral, os problemas da cidade são conhecidos, com endividamento muito grande e isso não seria diferente no nosso governo. Avalio de positivo nesses seis meses a iniciativa do Donisete para se aproximar do governo federal e do Estado. Houve conquistas como a renegociação (da dívida histórica da canalização dos córregos Corumbé e Bocaina e Rio Tamanduateí, hoje estimadas em aproximadamente R$ 460 milhões) com a Caixa (Econômica Federal), o que já é um avanço imenso com a recuperação do FPM (Fundo de Participação dos Municípios, sequestrado desde 2006 para pagamento do passivo), a conversa (com Palácio dos Bandeirantes) na área da Saúde com participação de forma efetiva do custeio do Hospital (de Clínicas Doutor Radamés) Nardini (com R$ 18,5 milhões). Houve também a conquista do Poupatempo.

DIÁRIO – É possível enxergar diferença no perfil administrativo entre Donisete e ex-prefeito Oswaldo Dias (PT)?

HÉLCIO – Oswaldo foi prefeito durante três mandatos (1997 a 2000, 2001 a 2004 e 2009 a 2012), tem uma marca forte na cidade, principalmente nos dois primeiros mandatos, pois iniciou processo de desenvolvimento urbano. O Donisete tem perfil mais dinâmico, com facilidade de relacionamento (com outros poderes), até por ter sido deputado (estadual) em quatro oportunidades, o que lhe ajuda para trabalhar na relação com diversos partidos e vários governos. Mesmo sendo oposição, sempre teve amistosa com o (governador Geraldo) Alckmin (PSDB). Essa bagagem com mandato de prefeito facilita no mandato. O Oswaldo assumiu em um ambiente diferente, pois com FHC (Fernando Henrique Cardoso, PSDB), o governo federal não tinha relação de financiamento (com os municípios) como há hoje, a exemplo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do Minha Casa, Minha Vida. Hoje a relação é diferente.

DIÁRIO – Por que o sr. acha que o Donisete tirou 4,7 no estudo do DGABC Pesquisas?

HÉLCIO – A cidade de Mauá está com problemas com recursos para investimento. Então teremos dificuldades para atender às demandas da população. O governo tem tentado estabelecer debate com a população e posso citar o PPA (Plano Plurianual) Participativo em que ele (Donisete) mostra as dificuldades e os problemas para atender às demandas e mostrar ao mesmo tempo o que está sendo feito. Acredito que a população irá sentir as diferenças, mas não dá para percebê-las em seis meses. Qualquer governo que assumisse neste ano teria dificuldades.

DIÁRIO – Sobre eleição em 2014, há duas candidaturas a deputado federal no PT de Mauá. Rogério Santana enfatizou que segue como pré-candidato. Esse posicionamento demonstra a necessidade de retomada de conversas em busca de consenso quanto antes?

HÉLCIO – Ainda está cedo, pois estamos a um ano da eleição e esse é um período para pré-candidaturas. Mas nós dois sabemos que para viabilizar a eleição de um deputado federal em Mauá é necessário que se crie o consenso em torno de uma candidatura. Não ganharei a eleição sem o apoio do Rogério e ele sem meu apoio. Nós temos essa disposição para trabalhar em um acordo.

DIÁRIO – Rogério criticou articulações externas para candidatura a deputado federal sem antes acertado o consenso no PT de Mauá. O sr. se sentiu criticado, uma vez que busca apoio de petistas em outras cidades do Grande ABC?

HÉLCIO – Tenho conversado com Rogério várias vezes sobre a questão da unidade. A gente acaba se movimentando, não tem como não fazer. Fui candidato a deputado em 2010 e naturalmente que as pessoas procuram para fazer essa relação. Mas isso faz parte do diálogo também interno, pois mesmo fora de Mauá estamos no âmbito do PT. Não vejo isso como crítica. Rogério tem toda uma história no PT e condições de ser deputado, então é natural esse desejo, assim como o meu.

DIÁRIO – Como estão as conversas com outros vereadores do PT nas cidades do Grande ABC? Espera boa adesão?

HÉLCIO – Busco conversar com todos aqueles vereadores e militantes que não tenham se comprometido com outro candidato a deputado federal. Estamos na etapa de ainda saber o que cada um pensa do projeto eleitoral. A manifestação do apoio, deixo para cada um deles, pois há uma questão para resolver em Mauá.

DIÁRIO – O sr. é primeiro suplente para deputado federal. Tem perspectiva de assumir a cadeira antes da eleição?

HÉLCIO – Quem é primeiro suplente sempre tem essa possibilidade de assumir o mandato. Mas independentemente de assumir o mandato, o que está na nossa meta é trabalhar na Secretaria de Habitação e ajudar na direção do PT para o PED (Processo de Eleição Direta). Minha atenção está voltada para esse objetivo. No meio do caminho, se surgir essa oportunidade de assumir o mandato, farei, pois creio que posso contribuir mais com a cidade de Mauá como deputado federal. Temos o nosso prefeito que está tocando o município de maneira extraordinária e vice-prefeito é cargo de perspectiva. Como deputado, posso ajudar Donisete a fazer ponte com ministérios.

DIÁRIO – O sr. tem convicção que, como vice-prefeito, tenha capital político maior para superar os 64 mil votos?

HÉLCIO – Dentro do PT temos avaliação é que a linha de corte é 110 mil votos para eleger um deputado federal (em 2014). Então trabalharei nessa meta. Em 2010, não tinha mandato e a última eleição que disputei foi em 2004, para vice-prefeito. Foi bom início de caminhada e consegui criar relações fora de Mauá. No ano que vem vou para campanha em condição diferente, possivelmente já na condição de deputado e com passagem como vice-prefeito. A eleição para prefeito consolidou meu nome para cidade. Então há condições de ampliar a votação.

DIÁRIO – O processo de 2012 ficou marcado pela troca abrupta do Oswaldo por Donisete na campanha para prefeito e deixou sequelas no PT na relação entre grupos. Essas divisões não podem ser problemas para 2014?

HÉLCIO – No caso da candidatura a deputado federal, estou otimista pela unidade. Mas para deputado estadual, temos de trabalhar. No momento, temos duas candidaturas até o momento, do (secretário de Mobilidade Urbana) Paulo Eugenio (Pereira Júnior) e do (vereador) José Luiz (Cassimiro). Existe essa preocupação no PT, dada essa realidade atual pelos protestos que ocorreram no País afora. O partido tem de agir com cuidado para preservar com a sua bancada na Assembleia Legislativa e Câmara Federal. O cenário que vivemos hoje não é o de 60 dias atrás. Temos de ter responsabilidade para formar unidade do PT, que é o partido que sofrerá os maiores ataques, pois está no poder.

DIÁRIO – Acha viável duas candidaturas a deputado estadual?

HÉLCIO – Além do PT, temos candidatos a deputado estadual por outros partidos em Mauá. Só com campanha na cidade, é difícil ter duas candidaturas (viáveis). O ideal seria ter apenas uma chapa, mas se há disposição de ter duas, será preciso buscar votos em outras regiões, pois o quadro em Mauá fica congestionado. Depende do potencial de cada candidatura para adquirir votos fora.




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