Economia Titulo Previdência
Aposentadoria aumenta chances de depressão

Sair da ativa, perder contato com amigos e não ter a renda esperada são alguns dos motivos

Yara Ferraz
Especial para o Diário
07/07/2013 | 07:14
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Apesar de ser um benefício esperado pela maioria dos idosos, a aposentadoria também pode trazer consequências negativas à saúde. De acordo com pesquisa do Instituto de Assuntos Econômicos de Londres, o benefício pode aumentar em 40% as chances de desenvolver depressão.

Esse é um quadro que se repete na região. De acordo com estudo realizado em 2008 pela Faculdade de Medicina do ABC, 37,5% dos 80 idosos avaliados, foram diagnosticados com tendências depressivas.

Os primeiros sintomas que indicam o início de algum problema são queda na motivação, sedentarismo, o estresse e a falta de contato com os amigos e familiares. Na maioria das vezes, a solidão é causada após o termino do trabalho e a perda de relações com os amigos e colegas.

O diretor de políticas sociais da Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas da Região do Grande ABC, Luis Antonio Ferreira Rodrigues, afirma que na maioria das vezes o valor do benefício influi na qualidade de vida do idoso. “Imagina aquela pessoa que ficou de 30 a 35 anos trabalhando. Claro, que agora ele quer viajar e se divertir, mas ele tem só R$ 600 por mês para garantir o seu sustento e da mulher. O que ele vai ter para o lazer?”, declarou.

Outro fator decisivo na vida do aposentado, apontado por Rodrigues, é o alto montante gasto com plano de saúde. “Com o valor da aposentadoria ele não consegue nem suprir o convênio médico, já que nos planos a inflação do idoso é maior. A depressão, acaba sendo natural, ele fica sedentário porque deixa de sair.”

A perda de contato com as pessoas fora do círculo da família é uma das principais causas para o aparecimento dos sintomas, como explica a professora de Saúde do Idoso do curso de Enfermagem da FMABC, Ana Paula Guarnieiri. “As pessoas vivem 75% do tempo em função do trabalho e quando elas deixam essa ocupação perdem vínculos e relações de coleguismo. Ninguém se prepara para a aposentadoria, então quando ela chega, não tem nenhuma outra atividade programada”, disse.

VIDA SOCIAL - Os familiares e amigos próximos têm papel decisivo no diagnóstico e no tratamento desse tipo de doença. Cabe a eles estimular o idoso a participar de atividades como grupos de dança, artesanato, costura ou atividades esportivas.

Passeios turísticos e viagens costumam trazer resultados positivos na integração social com outras pessoas da mesma idade, além da possibilidade de visitar novos lugares.

Idas ao cinema e ao teatro, também são boas opções principalmente, por conta da facilidade da meia-entrada, segundo a professora Ana Paula.

“A maioria dos idosos não sabe dos seus direitos, como os descontos e a meia-entrada em ingressos. É importante que isso seja estimulado para que o aposentado comece a ter um novo tipo de atividade ou hábito, no qual ele pode fazer outras coisas que antes não eram possíveis.”

A professora de Educação Física da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Denise de Oliveira Alonso, destaca o voluntariado como um bom aliado contra a depressão. “O trabalho voluntário é importante porque além da pessoa sair de casa e encontrar outras da mesma idade, ela continua trabalhando ao ajudar alguém e isso a faz se sentir útil. Cursos para a terceira idade, grupos religiosos e bailes são formas de manter contato social”, diz Denise.

EXERCÍCIOS FÍSICOS - Um bom caminho para quem quer começar uma nova vida e com atividades que façam bem para saúde é iniciar a prática de atividade física. De acordo com a professora de Educação Física da USCS, Denise, a caminhada é um dos mais indicados. “Caminhada é algo leve, porque cada pessoa conhece seu limite, e dificilmente vai caminhar se estiver cansada”, afirma.

Porém, antes de começar qualquer exercício é importante uma avaliação do médico. Além de detectar problemas de saúde, ele vai indicar a frequência e qual a melhor atividade física. “É muito importante ir ao médico, principalmente homens acima dos 45 anos e mulheres acima de 55, idades em que o sedentarismo e a obesidade são fatores de risco cardiovascular”, aconselha a professora.
 




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