Política Titulo Mauá
Prefeitura e empresas de ônibus estão em guerra

Secretário diz que governo está no limite da paciência; companhias criticam ações da Prefeitura

Bruno Coelho
Do Diário do Grande ABC
06/07/2013 | 07:25
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A paciência da gestão do prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT), com as operadoras de ônibus no município está por um fio, segundo o secretário de Governo, Edílson de Paula (PT). O petista apontou que a falta de qualidade nos serviços à população e irregularidades constatadas pela administração deixam iminente uma nova licitação, o que geraria nova disputa judicial no setor. As concessionárias Viação Cidade de Mauá e Leblon rebateram as críticas, questionando ações promovidas pelo Paço. A situação coloca companhias e governo em pé de guerra.

Para Edilson, os serviços das empresas de ônibus é o maior problema registrado nesse primeiro semestre, superando outros segmentos deficitários, como a Saúde. No Paço, há o entendimento de que tanto a Leblon como a Cidade de Mauá descumprem termos do contrato. Uma das obrigatoriedades, segundo o secretário, seria as duas empresas se mobilizarem pela reforma do Terminal Central, o que não ocorreu.

“Estamos há seis meses no governo e chegando ao nosso limite. Somos pressionados pela população por transporte digno. Vou dizer que o transporte em Mauá é um dos mais rentáveis que há na região, tendo em vista que a cidade tem concentração forte de passageiros, com 105 mil usuários no horário de pico para ir ao trabalho (por dia)”, avaliou o petista.

Além disso, Edilson citou problemas com descumprimento de horários de ônibus e falta de qualidade nos pontos de embarque. “Nosso governo tem tentando dialogar com as duas empresas, mas a Leblon se valoriza de ter uma decisão judicial (envolvendo o processo de licitação feito em 2008), a Cidade de Mauá se valoriza por estar muitos anos na cidade, mas não respeita o usuário”, considerou.

Diante das críticas, Mauá passa a ter novamente um cenário para nova licitação para as empresas de transporte público, hipótese recorrente nos corredores do Paço. “Não descarto o governo de abrir licitação nos dois lotes da cidade. Porque, se as empresas não melhorarem o sistema, teremos que criar esse ambiente”, enfatizou Edílson.

Outro atrito à vista é a auditoria da Prefeitura, a qual multou Leblon e Cidade de Mauá em R$ 12,2 milhões e R$ 8,2 milhões, respectivamente, por invadirem o sistema interno de bilhetagem eletrônica. As empresas recorreram das sanções. A defesa está sob análise do setor jurídico do Paço, mas há o entendimento de que as alegações não são convincentes.

Concessionárias afirmam cumprir exigências

Tanto a Viação Cidade de Mauá como a Leblon rebateram as declarações do secretário de Governo, Edílson de Paulo (PT). As companhias enfatizaram que cumprem todas as determinações contratuais com a Prefeitura de Mauá e que seguem investindo para melhoria do transporte coletivo no município.

Diretor da Cidade de Mauá, Baltazar Sousa Júnior considerou equivocadas as declarações do petista. Ele alega que o terminal central apenas não foi reformado por falta de projetos da Prefeitura, citando como exemplo os investimentos da empresa no terminal Itapeva, também previstos no contrato de concessão da operação das linhas de ônibus.

Quanto às reclamações de atraso, Júnior disse que o levantamento da Cidade de Mauá aponta cumprimento de 97% da escala horária dos veículos. Segundo ele, a margem de 3% de insucesso na meta ocorre por problemas viários em Mauá. “Tenho muitas linhas que operam em trechos de terras, há problemas com trânsito e, pontualmente, existem muitas obras feitas. Como a estrutura viária é pequena (estreita), o trânsito fica pior ainda.”

Segundo Júnior, a empresa tem 142 ônibus, com ano de fabricação variando entre 2005 a 2011. O empresário também projeta para até 120 dias a aquisição de mais 40 coletivos para entrar em circulação nas ruas de Mauá. Ele também disse que a empresa busca diálogo aberto com governo Donisete Braga (PT).

No caso de manutenção da multa de R$ 8,2 milhões aplicada pela Prefeitura após auditoria, sob acusação de invasão no sistema de dados do bilhete eletrônico, o diretor da Cidade de Mauá garantiu levar o imbróglio para Justiça, por entender que a sanção não é justa. O mesmo ocorrerá em hipótese de nova licitação para o transporte coletivo. “Enxergo que não existe a possibilidade, pois a empresa cumpre todas as obrigações contratuais”, disse.

Em nota, a Leblon garantiu colaboração com o Paço e cumprimento com as cláusulas do edital de licitação. A operadora tem 92 ônibus e projetou compra de novos veículos nos próximos meses. Sobre o risco de manutenção da multa de R$ 12,2 milhões e nova licitação, a companhia aguarda manifestação oficial da Prefeitura.
 




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