Momento abala investidores e bolsa de valores
se torna menos interessante para pessoas físicas
O império de Eike Batista está em chamas. As ações de várias de suas empresas, do grupo EBX, estão entre as mais desvalorizadas da América Latina (capital aberto) e Estados Unidos (1.200 maiores listadas em Bolsa) no acumulado deste ano. Sua companhia de petróleo e gás OGX, além de ter sido colocada à venda, informou ao mercado a suspensão do desenvolvimento dos campos de Tubarão Areia, Tubarão Gato, Tubarão Tigre e Tubarão Azul. E o executivo deixou o cargo de presidente da MPX, do setor de energia. Porém, as faíscas deste incêndio não provocarão queimaduras nos investidores pessoas físicas que não mantêm papéis do grupo.
Para esses aplicadores, o momento pode ser irritante do ponto de vista psicológico. “Para quem não tem papéis, a influência indireta é o mal estar que fica na Bolsa como um todo”, disse o especialista em finanças pessoais André Massaro. As ações de algumas empresas (LLX, OGX e MMX) do EBX estão na composição do Ibovespa, que sofreu influência e caiu no ano, até o dia 26 de junho, 23,1%, revela a Economatica. Esse resultado espanta e pode ser interpretado com um desestímulo para a Bolsa de Valores. Por outro lado, momentos como o atual são os melhores para adquirir títulos das empresas. “Todo mundo sabe que na Bolsa se ganha dinheiro quando está na alta e perde na baixa”, disse um dos fundadores da Academia do Dinheiro e educador financeiro Mauro Calil. “Para quem está fora, é o momento de começar a entrar. E quem está dentro, deve saber comprar. O importante é estudar bastante antes de dar qualquer passo na Bolsa.”
Investidores pessoas físicas devem olhar para as ações como aplicação de longo prazo e não de retorno imediato, pontuou o gestor dos cursos de Tecnologia e Gestão da Uscs (Universidade Municipal de São Caetano), Norival Caruso. Ele também é professor de Finanças e iniciou na Bolsa, como operador, em 1970. “Se vai colocar dinheiro nos papéis das empresas, deve pensar em ganhar com o crescimento delas e com os seus lucros”, aconselhou.
Calil lembrou ainda que os grandes investidores não tomam decisões pautados por resultados de uma empresa. Mas sim sobre o cenário econômico do País. “E são eles que movimentam a Bolsa. São negociações diárias de R$ 10 milhões, R$ 15 milhões, R$ 100 milhões.”
Os resultados da BM&FBovespa deixam um pouco mais claro essa mecânica com o seu balanço. Em junho, a média diária de negociação foi de R$ 8,94 bilhões, contra R$ 7,73 bilhões registrados em maio. E, segundo a Economatica, no acumulado do ano, até 26 de junho, se retiradas as ações “X” do Ibovespa, a queda do indicador não seria de 23,1%, mas sim 18,1%, o que comprova que a economia tem bem mais influência no Ibovespa — e no restante dos ativos das 365 empresas negociadas na Bolsa—, do que os cinco pontos percentuais de recuo gerados pelos papéis “Eike”.
Para Massaro, no entanto, a Bolsa pode não ser a melhor opção para quem planeja investir, atualmente, mesmo em baixa. “Os juros estão subindo. É o momento de olhar para a renda fixa”, opinou.
DIRETOS - Por outro lado, quem tem ações das empresas “X” não têm muitas alternativas, pois o cenário, por enquanto, é negativo. Segundo a Economática, as ações ordinárias, que dão direito ao voto em assembleias da companhia, da OGX desvalorizaram 77,9% neste ano até o dia 14 de junho. Significa dizer que quem aplicou R$ 1.000 nesses papéis tinha no dia 14 apenas R$ 221. Foi a maior queda de um papel na América Latina (capital aberto) e Estados Unidos (1.200 maiores listadas em Bolsa). As ordinárias da MMX, mineradora do grupo, e LLX, de logística, também acompanharam o movimento e estão listadas entre os 20 maiores decréscimos de valor da região analisada pela consultoria.
Portanto não há muito o que fazer. Os especialistas concordam que não é possível prever o futuro. Quem tem ativos “X” e ainda não vendeu já tem a grande desvalorização em mãos. “Não podemos nos enganar”, comentou Massaro. Quem colocar os papéis à venda, provavelmente, não recuperará tão cedo o que investiu.
Como houve influência no Ibovespa, investidores com papéis do ETF (Fundo de Índice) Bova11, citou Calil, que tem como indexador de retorno o principal índice da Bolsa, enfrenta desvalorização. E, é claro, aqueles que participam de fundos de pensão cujos gestores colocaram dinheiro nas ações “X” também terão alguma faísca passando por perto
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