Setecidades Titulo Educação
Escolas do Grande
ABC têm estrutura básica

Em 67,41% das unidades não há sala de informática,
quadra esportiva e parque infantil, conforme pesquisa

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
09/06/2013 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Seis em cada dez escolas públicas, entre estaduais e municipais, do Grande ABC têm infraestrutura considerada básica. Estudo realizado por pesquisadores com base no Censo Escolar de 2011 mostra que 67,41% das unidades de ensino localizadas nas sete cidades não dispõem de itens como acessibilidade, laboratórios de ciências e de informática, biblioteca e quadra de esportes, equipamentos considerados importantes para a garantia do aprendizado de qualidade.

Intitulada Uma escala para medir a infraestrutura escolar, a pesquisa analisou 194.932 unidades de ensino de todo o País, sendo 1.332 na região. A partir de informações coletadas no questionário respondido por gestores no Censo Escolar, os professores Joaquim José Soares Neto, Girlene Ribeiro de Jesus e Camila Akemi Karino, da UnB (Universidade de Brasília), e Dalton Francisco de Andrade, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), classificaram as escolas em quatro categorias: elementar, básica, adequada e ideal.

O primeiro recorte – elementar – engloba escolas com infraestrutura mínima para o funcionamento, como a existência de água, esgoto, energia elétrica e cozinha. Já no caso das unidades tidas como básicas, além dos itens anteriores, é possível observar sala de diretoria e aparelhos como televisão, DVD, computadores e impressora. As instituições consideradas adequadas têm espaços como sala de professores, biblioteca, laboratório de informática, quadra esportiva e parque infantil. Os espaços ideais, entretanto, se diferenciam por possuir laboratórios de ciências e acessibilidade, somados aos demais benefícios.

Entre as sete cidades, Diadema é a que tem maior número de escolas públicas entre as básicas: 82,58% do total. O município é seguido por Rio Grande da Serra e Mauá, com 76% e 75,65%, respectivamente. A menor taxa é observada em São Caetano, mas, ainda assim, corresponde a 52,05% das instituições de ensino municipais e estaduais do local.

Por outro lado, 23,57% das unidades públicas da região se enquadram na categoria adequada. Neste caso, destaque para São Bernardo, onde 37,26% das escolas estão neste patamar. A cidade é seguida por São Caetano (25%) e Santo André (23,76%). Já Rio Grande da Serra apresenta a menor porcentagem, com apenas 8% das unidades neste perfil.

O estudo mostra ainda que 8,85% das instituições de ensino público do Grande ABC estão classificadas entre as com infraestrutura elementar e apenas 0,15% podem ser consideradas como ideais para o aprendizado.

FERRAMENTA

A proposta da pesquisa, segundo Neto, foi produzir conhecimento para que os governos possam saber quais locais precisam de investimento. “Temos de levar em consideração que as crianças e jovens de todos os cantos do País têm o mesmo direito à cidadania e educação de qualidade”, reforça o especialista.

Na esfera nacional, os dados indicam que 44% das escolas públicas contam apenas com água encanada, sanitário, energia elétrica, esgoto e cozinha em sua infraestrutura. Por outro lado, apenas 0,6% das escolas públicas têm prédios considerados completos, com todos esses aparelhos e também dependências adequadas para alunos com deficiência.

Condições influenciam aprendizado

Além da existência de professores qualificados, a arquitetura e equipamentos disponíveis nas unidades de ensino são importantes para garantir o aprendizado completo dos estudantes.

Para a coordenadora do curso de Pedagogia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), Maria Stela Santos Graciani, a escola não pode ser encarada apenas como sala de aula. “O ambiente educacional precisa ser plural para que o corpo e a cabeça estejam comprometidos com o aprendizado”, explica a especialista.

Segundo Maria Stela, o cenário das escolas reflete a realidade vivenciada nas comunidades e, com isso, os alunos não conseguem se apropriar da área e, a partir disso, zelar por ela.

Na visão da cozinheira desempregada Miriam Nogueira, 52 anos, as escolas públicas deixam a desejar em infraestrutura. “É difícil encontrar alguma unidade com rampa ou elevador para cadeirantes”, exemplifica. A filha da moradora de Santo André estuda na EE Professor Nelson Pizzotti Mendes, no Condomínio Maracanã. A instituição passa por reforma para melhorias desde o ano passado. “Já consertaram o telhado e agora estão arrumando a quadra de esportes”, destaca.

Já estudante do 9º ano da EE Professora Ondina Rivera Miranda Cintra, na Vila Humaitá, acrescenta que a unidade de ensino tem problemas como ventiladores quebrados nas salas de aula. Apesar de o aluno apontar que o laboratório de informática da instituição raramente é utilizado, a Secretaria Estadual da Educação rebate ao informar que o espaço encontra-se em perfeito estado.

Prefeituras prometem melhorias

Apesar de ressaltarem que a infraestrutura da rede municipal de ensino é superior à apresentada pelo Estado, as prefeituras da região informaram trabalhar na melhoria das unidades de ensino já existentes e construir outras nos padrões adequados.

Em Santo André, a administração rebate os dados divulgados ao destacar que “a grande maioria das escolas do município tem infraestrutura adequada”, com laboratório de informática, sala dos professores, parque de diversão, bibliotecas, brinquedotecas, quadras esportivas, algumas inclusive com piscinas. A Secretaria de Educação da cidade afirma que tem planos para que em 2014 todas as escolas tenham acesso à internet com salas digitais.

A secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho, aponta que o município conseguiu avançar desde 2009, quando a atual gestão assumiu a Prefeitura. “Claro que ainda temos um caminho a trilhar e uma das nossas principais preocupações é a acessibilidade”, destaca. Segundo ela, os prédios novos seguem padrão avançado de infraestrutura, com bibliotecas, quadras, entre outros itens.

Diadema informou que a Secretaria de Educação está elaborando o Programa Trato na Escola, que prevê desde pequenas até grandes reformas, inclusive com acessibilidade e intervenções nos parques e cozinhas. O cronograma de obras terá início no segundo semestre e vai até o término da gestão, em 2016.

Em Mauá, a Prefeitura considera que a rede tem infraestrutura adequada e possui todos os itens indicados na pesquisa em efetivo funcionamento, no entanto, admite estar em processo de adequação de projeto de manutenção para os prédios escolares. Já Ribeirão Pires destacou que foi realizada avaliação da infraestrutura de todas as unidades da rede municipal e que a administração trabalha em projetos para realizar melhorias, incluindo adequações e modernização das escolas.

São Caetano e Rio Grande da Serra não responderam. 




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