No Brasil, as ruas começaram a ser construídas após a chegada dos portugueses
As pessoas usam diariamente para ir à escola, ao trabalho, passear, voltar para casa, seja a pé ou por meios de transporte. Mas, muita gente não faz ideia de como são importantes para a formação das cidades. Sem as ruas seria bem complicado organizar moradias, veículos e pedestres, que teriam dificuldade em chegar aos lugares.
No Brasil, as vias começaram a ser construídas após a chegada dos portugueses, no século 16. Antes, os indígenas faziam caminhos no meio da mata para se deslocar. E foram alguns desses trajetos que ajudaram os colonizadores a criar as primeiras ruas do País, cada uma feita de acordo com as características do terreno. No início, eram de terra, depois passaram a ser de pedra, paralelepípedo até chegar o asfalto.
Cada via e o nome que levam guardam grandes histórias. No Grande ABC são cerca de 15,6 mil logradouros (inclui ruas, avenidas, viadutos, passagens, vielas e praças), que homenageiam lugares, governantes, fatos importantes, personalidades da cidade, País e mundo.
Laura Soares Sacchi, 6 anos, mora na Rua dos Vianas, em São Bernardo. Já ouviu da mãe que a via é importante por ligar a cidade a Santo André. "Se não existissem ruas não imagino como as pessoas chegariam aos lugares."
Segundo a menina, a via em que vive é bem movimentada, barulhenta e nem dá para brincar. Mas quem passa pelo trajeto cheio de residências, comércios e escolas não imagina como era no passado, quando chamava-se Estrada dos Vianas - em homenagem à antiga família de brasileiros. O caminho levava até o bairro Santo Amaro, na Capital. Hoje, ainda preserva muitas curvas da época.
Mesmo com o trânsito intenso e a violência, as ruas continuam sendo fundamentais para a história.
Consultoria de Doralice Sátyro Maia, professora da pós-graduação em Geografia do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba, Sonia Maria Franco Xavier, presidente da Fundação Pró- Memória de São Caetano, e Ademir Medici, colunista do Diário.
Famílias importantes são homenageadas
O sobrenome de Ana Luiza Fattori, 5 anos, pertence a uma das famílias mais tradicionais de Santo André. Ela mora na travessa que leva o nome do bisavô: Santo Fattori, que veio da Itália em 1906. A homenagem foi feita por causa da importância do italiano para a cidade. A maior parte dos moradores que vivem na via faz parte da família. "Quando conto para os amigos que minha rua tem meu sobrenome, eles acham legal."
Os primos Letícia, 8, e Murilo Lima, 9, de Santo André, souberam pelo avô que são parentes de Gertrudes de Lima (nome de rua do Centro da cidade) e do Coronel João Baptista de Oliveira Lima, político importante quenomeia famoso calçadão cheio de comércios. "Sempre me perguntava se o sobrenome da placa tinha a ver com o meu", diz Letícia. Já Murilo, que mora próximo ao calçadão, curte pesquisar sobre as vias. "Na escola, vi como eram algumas delas antigamente."
Os irmãos Maria Clara, 12, e Miguel Teixeira Rocha, 8, são descendentes das famílias Perrella e Moretti, que vieram da Itália e ajudaram a construir São Caetano. João Domingos Perrella, por exemplo, dá nome a rua no bairro Fundação.
"Gosto de saber sobre o passado. Na escola já fiz até árvore genealógica", diz Maria Clara. O irmão não imaginava que os nomes das ruas tivessem tanta história. "Fiquei feliz pela minha família. Mas acho que falta interesse das pessoas em querer saber essas coisas."
Como as ruas recebem os nomesJá imaginou por que as ruas têm determinado nome? Durante a colonização do Brasil a escolha era feita a partir de alguma característica da via. Dava-se o nome de Rua do Comércio, por exemplo, porque nela havia vários estabelecimentos do tipo.
A partir do Império, no século 19, foram feitas substituições para privilegiar ou homenagear pessoas de poder. Isso continuou após a Proclamação da República, em 1889. Assim, é comum observar nomes de princesas, marqueses, militares, políticos (como prefeitos, governadores e presidentes) em vias de várias cidades do País.
Existem ainda ruas e avenidas que receberam nomes de famílias, pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da cidade, acontecimentos históricos, lugares, animais, árvores, números, pedras preciosas, entre outras coisas. No entanto, também existem poucas vias cujo nome não tem significado conhecido.
Atualmente, são as prefeituras que decidem como as ruas serão chamadas. Para isso, os nomes passam por aprovação na Câmara de vereadores. Os moradores podem levar sugestões às autoridades.
Você sabia?
A Avenida Capitão João, em Mauá, faz menção ao capitão João José Barbosa Ortiz, que foi dono de muitas terras da cidade.
A Avenida Alda, em Diadema, homenageia a filha do dono da chácara, onde hoje é o Centro da cidade.
Na Estrada da Pedreira, em Rio Grande da Serra, existia fábrica que fornecia pedras para revestir ruas de São Paulo.
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