O bispo Frei Luiz Cappio afirmou neste sábado que o projeto de transposição do governo federal é ‘‘um projeto político muito endereçado e determinado’’, que não abrange o semi-árido como um todo. Na sua avaliação, um plano sustentável de desenvolvimento tem de conter todo o semi-árido e não apenas parte dele. ‘‘Caso contrário, não é um projeto para os pobres do semi-árido, mas para beneficiar politicamente alguns Estados’’.

Frei Cappio deu entrevista no Centro Diocesano de Petrolina, a 750 quilômetros do Recife (PE), onde está hospedado desde o fim da tarde de sexta-feira. Neste domingo, ele abre um encontro que deverá reunir mais de mil pessoas em Juazeiro (BA), separada de Petrolina pelo rio São Francisco. Moradores atingidos por barragens, movimentos indígenas e pastorais da terra e da pesca devem comparecer ao ato que começará a discutir as necessidades do semi-árido e a revitalização do rio São Francisco.

Segundo o frei, o documento que apresentou e discutiu com o ministro Jacques Wagner, da Articulação Política, representando o presidente Lula, numa negociação que durou cinco horas, em Cabrobó, e pôs fim à sua greve de fome de 11 dias, inclui todo o semi-árido. Ele defende que o projeto de convivência com o semi-árido deve ter como principal objetivo melhor qualidade de vida para as populações pobres desta região.