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Novela: entre pecados e virtudes
Por Mariana Trigo
Da TV Press
09/02/2008 | 07:05
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Sete Pecados, que termina na próxima semana, foi uma novela atípica. Na trama das sete da Globo, exibida no horário que mais atrai crianças e adolescentes, os casais que mais se destacaram nessa reta final da história não foram os mais jovens.

Nem mesmo os protagonistas Beatriz e Dante, de Priscila Fantin e Reynaldo Gianecchini. O mais curioso foi a tentativa inglória do autor Walcyr Carrasco de ter começado a história com um mocinho cheio de virtudes, que quase se transformaria num vilão por passar a cometer os sete pecados.

Ao lado de Dante, Beatriz, a pérfida vilã do início da história, deveria virar a mocinha do folhetim por se redimir de seus pecados. Só que este principal foco da história se perdeu, dando espaço para o que parecia improvável no horário: os romances da terceira idade, que foram o que mais se destacaram ao longo da história.

Os simpáticos Romeu e Julieta, de Ary Fontoura e Nicete Bruno, se sobressaíram pois tiveram atuações tão veementes e emocionadas, que conquistaram uma legião de fãs. Na mesma linha, Agripina e Schmidt, de Suely Franco e John Herbert, também fizeram sucesso na história que teve média de 33 pontos na audiência, números satisfatórios para o decrescente ibope das novelas atuais.

O casal, ao menos, reviveu o objetivo inicial da trama: expor os pecados, a cobiça, em especial. Interessados no casamento pela suposta fortuna de ambos, os personagens representam com talento um dos pecados da história de Walcyr.

Novato no horário, o experiente autor trouxe para a faixa das sete sua antiga receita que deu tão certo em tramas cômicas de época, como O Cravo e a Rosa e Chocolate Com Pimenta.

No entanto, as personagens maniqueístas, como as mocinhas açucaradas das tramas antigas e os vilões assustadores, pareceram um pouco fora de propósito.

O maior pecado do autor foi apostar em atores inexpressivos, como Rafael Calomeni, como Hércules, para interpretar um malvado típico de comédias pastelão de Sessão da Tarde. Ele foi capaz até de roubar criancinhas, como exibido recentemente.

Ao seu lado, Mel Lisboa também não convenceu como a maquiavélica Carla. Muito menos Carlos Casagrande como um ‘sagaz’ delegado que sobrecarrega as feições em inverossímeis caras e bocas.

Com a assinatura sempre cômica do diretor Jorge Fernando, a trama teve pequenos deslizes, mas momentos engraçados de sobra, como era a proposta inicial.

Desde os tratamentos estéticos fracassados da impagável Rebeca, da sempre excelente Elizabeth Savalla, às confusões na casa de Clarice, de Giovanna Antonelli, a novela rendeu no humor.

Tanto que não precisou apelar a cenas de nu, por exemplo, para alavancar a audiência, como muitas vezes acontece no horário. Outro ponto forte da história foi a atuação segura de Giovanna Antonelli.

Como a pobretona Clarice do início da trama, a atriz chega ao final da história provando cada vez mais sua capacidade camaleônica em sutis diferenças interpretativas, mas que fazem muito efeito no final da composição acertada de suas personagens. Entre pecados e virtudes, Sete Pecados parece não ter passado pelo purgatório.



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