A avenida Francisco Prestes Maia, em São Bernardo, já sente os reflexos do aumento do fluxo de pessoas em toda a região central da cidade registrado em 2004, em especial na rua Marechal Deodoro. As duas vias que se cruzam no coração comercial da cidade ampliam as possibilidades de expansão em diversos setores.

Como tradicional via de serviços, entre casas e edifícios de classe média, a Prestes Maia absorve o crescimento natural da cidade e engorda o faturamento dos comerciantes no ritmo proporcional do  esgotamento de supervalorizadas vias como a Marechal e a avenida Kennedy. O que falta nesses lugares – espaço para pontos e estacionamentos – sobra na Prestes Maia, rua que é endereço do presidente Lula.

Antigos imóveis dão lugar a estabelecimentos comerciais. Novos pontos de comércio e prestação de serviços surgem a cada ano e comerciantes de bairros aos poucos migram para a avenida. Encontram no lugar claras perspectivas de crescimento. Esse é o exemplo da microempreendedora Rosana Costa. Em abril, ela deixou uma banca de jornais na avenida Kennedy para fincar bandeira na Prestes Maia.

“Vim numa época em que o movimento já mostrava sinais de crescimento. Quem conhecia a avenida há anos sabia que a melhora não seria apenas temporária. Arrisquei e deu certo”, diz.

O rápido aumento no volume de consumidores, no entanto, não alterou as características originais que fizeram da Prestes Maia uma das mais valorizadas da cidade, sobretudo em relação ao setor de serviços. Hoje a avenida é um mix de novos e antigos segmentos, que vão de pet shops, bufês e academias a escritórios de advocacia e consultórios médicos e dentários.

O empresário Nélio Antonio Silva montou na Prestes Maia um lava-rápido há cinco anos. Ele afirma que o aumento do fluxo de pessoas e veículos tem beneficiado diretamente seu negócio. Silva atende cerca de 1,2 mil carros por mês, volume 20% superior a 2003. “Desde que cheguei à avenida, 2004 foi o melhor ano. O mesmo têm dito comerciantes que encontro aqui.”

Bairro – Claudinéia Gasparoto, proprietária de uma revistaria há 16 anos na Prestes Maia, também garante que o comércio na avenida tem aumentado de forma visível, mas destaca que os consumidores continuam a ser, na maioria, do próprio bairro. “O público geralmente não vem de outras partes da cidade. Quem acha aqui o que procura, não vai para a Marechal, por exemplo”, avalia. “Acredito que o movimento é resultado também da fuga dos consumidores do Centro, onde o preço do aluguel é muito mais caro”.

Gerente de uma videolocadora, Pamela Pereira Carvalho confirma o potencial de consumo local da avenida Prestes Maia. “Geralmente, as pessoas que passavam na Marechal preferiam ficar por lá. Isso tem mudado. Embora o comércio aqui atenda mais o bairro, está crescendo o número de pessoas que vem de fora.”

No entanto, há quem aposte que a avenida se torne este ano definitivamente um pólo regional de serviços. O cabeleireiro Sandro Ebner, gerente de um salão de beleza na Prestes Maia, por exemplo, afirma que 25% de seus clientes são de fora do bairro, prova de que a fama dos serviços disponíveis na via conquistaram outras regiões. “Muita gente, inclusive, vem de outras cidades da região.”

O chaveiro Reinaldo Mariano está há quase três anos na avenida, mas somente enxerga uma melhoria real para o comércio da avenida com investimentos públicos, como iluminação, segurança e sinalização. “Precisamos de mais atrativos para que a Prestes Maia se consolide como centro de comércio e serviços. Temos potencial, mas o crescimento está

ameaçado pela falta de interesse público”, ressalva.

O secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo, Fernando Longo, informou pela assessoria de imprensa que prefere não comentar sobre tendências e investimentos porque assumiu a secretaria muito recentemente.