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Polibrasil deve ser 1ª petroquímica na AL a usar nanotecnologia
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
01/07/2005 | 07:56
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A Polibrasil deverá ser a primeira empresa petroquímica da América Latina a lançar produtos desenvolvidos utilizando a nanotecnologia. Líder latino-americana na produção de polipropileno (resina que é matéria-prima para a fabricação de peças de plástico), a companhia deverá colocar no mercado brasileiro, até o final do ano, dois produtos, um direcionado ao setor automobilístico e outro para a indústria de embalagens plásticas.

A empresa, cujo centro de pesquisa fica em Mauá, está desenvolvendo há cerca de um ano e meio estudos com a nova tecnologia, considerada por especialistas como a 5ª Revolução Industrial. O investimento da fabricante nessa área faz parte dos gastos anuais direcionados a pesquisa e desenvolvimento, que correspondem a 10% do faturamento anual. Em 2004, a Polibrasil faturou R$ 2,3 bilhões.

A empresa ingressa num setor que é o futuro em termos de inovação. A avaliação em relação à nova tecnologia é do diretor da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), Mário Sérgio Salerno. “Na perspectiva de longo prazo, a inovação será produtos de base nanotecnológica, que alteram a composição atômica de materiais”, disse recentemente o dirigente do órgão governamental.

Para a Polibrasil, as perspectivas são promissoras, segundo o gerente de desenvolvimento de novos produtos da companhia, Cláudio Marcondes. Ele afirma que as aplicações para a tecnologia – que consiste na manipulação de átomos, moléculas ou partículas para a obtenção de novos materiais, estruturas e funções – são inúmeras para os mais diversos segmentos.

Resistência – O executivo cita por exemplo que o plástico resultante da manipulação de partículas pode ter resistência a tração ampliada em 40%, e elevar a resistência térmica de 65ºC para 155ºC, aumento superior a 100%. Pode ainda propiciar maior barreira a gases, como gás carbônico e oxigênio.

O gerente lembra que o polipropileno tradicional não pode servir como embalagem para cerveja ou refrigerante por deixar passar o gás carbônico. “Ou seja, deixa a cerveja sem gás.” Segundo ele, será possível fazer embalagens plásticas para estocar o produto em melhores condições, e, no setor automobilístico, ter peças mais resistentes, leves e finas, substituindo metal por plástico.

Ainda de acordo com Marcondes, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento em nanotecnologia crescem de forma acelerada. Números da Comissão Européia apontam taxa anual de crescimento de 20% na Europa em pesquisa no setor. Há atualmente US$ 27 milhões em produtos nanotecnológicos, mas a previsão é que esse mercado deverá chegar em breve a cerca de US$ 48 bilhões, por conta do maior valor agregado que traz aos produtos.

O que é a nanotecnologia?

A palavra nano significa a bilionésima parte de uma unidade, ou seja, uma unidade dividida por um bilhão. No caso do nanômetro, é um metro dividido por um bilhão, medida próxima às dimensões dos átomos que formam os materiais.

Em termos de ordem de grandeza, se uma bola de futebol medisse um nanômetro, um metro seria do tamanho do planeta Terra. Um fio de cabelo humano mede 300 mil nanômetros.

A utilidade da nanotecnologia é a de revolucionar a criação de produtos, com a obtenção da novos materiais, estruturas e funções, por meio da manipulação de átomos, moléculas e até de partículas sub-atômicas.

A nova tecnologia consegue que duas partículas diferentes (do plástico por exemplo com material argiloso) se juntem para a criação de um produto com atributos inovadores. Dessa forma, o item passa a ter propriedades como maior resistência à tração ou a altas temperaturas.

Atualmente em todo o mundo, há um mercado de US$ 32,5 milhões para produtos com nanotecnologia, mas há previsões de que rapidamente esse mercado deverá alcançar valor próximo a US$ 50 bilhões, pelas vantagens que oferece.

Na indústria automotiva, testes com o plástico modificado pela nanotecnologia mostram que pode haver 40% de aumento da resistência à tração e 60% de aumento da resistência a flexão.

Na área de embalagens plásticas, a adição de nanomateriais gere produtos com propriedades como aumento da barreira a gases (como oxigênio e gás carbônico) e aumento da transparência das embalagens.




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