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Pediatra é preso por abuso sexual de menores
Maria Teresa Orlandi
Do Diário OnLine
22/03/2002 | 00:52
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 Foto: ReproduçãoUm dos mais renomados pediatras e especialistas em psicoterapia de adolescentes de São Paulo foi preso nesta quinta-feira no Brooklin, zona Sul da capital paulista, sob acusação de abusar sexualmente de seus pacientes. Diretor do Instituto Paulista de Adolescência, o russo naturalizado brasileiro Eugênio Chipkevitch, foi flagrado abusando de dezenas de garotos em fitas de vídeo gravadas por ele próprio.

Nas imagens, Chipkevitch, de 47 anos, é mostrado aplicando injeções com sedativos nos menores. Dopadas, as vítimas eram obrigadas a tirar as roupas e a deitar em um leito. Nas primeiras consultas, ele permitia o acompanhamento dos pais. Depois que ganhava a confiança das famílias, pedia para ficar a sós com os pacientes, alegando que a presença dos pais os intimidaria na terapia.

O médico foi reconhecido em imagens do crime exibidas no Programa do Ratinho, do SBT, nesta quarta. Ele registrou as cenas em pelo menos 35 fitas, com mais de 15 horas de gravação.

Chipkevitch foi preso por volta das 14h ao chegar com seu Peugeot ao prédio de alto padrão onde mora e se recusou a falar sobre as acusações. “Preciso me inteirar exatamente do que está acontecendo para me pronunciar. Não estou sabendo ainda do que se trata”, disse.

Mais tarde, porém, segundo informações do Jornal da Globo, ele teria afirmado informalmente aos policiais que gostava de colecionar e assistir às fitas quando estava em casa. Ainda segundo o jornal, ele repetiu durante toda a noite que 'sua vida está arruinada'.

O Ministério Público Estadual, que investiga o caso, pediu a prisão temporária do pediatra por 30 dias por atentado violento ao pudor qualificado. “Ele tem que perder o registro e ficar encarcerado por um longo tempo, pois cometeu um crime hediondo”, disse o promotor José Carlos Blat, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo. Ele atendia uma média de 100 pacientes por mês.

Por cada crime, ele poderá pegar 10 anos de prisão. O médico está preso no 13º Distrito Policial por ter nível superior.

Testemunho — Um adolescente de 14 anos que foi paciente de Eugenio afirmou, em entrevista à Rede Globo, que parou o tratamento com o médico porque ficou desconfiado. Ele contou que não entendia por que o pediatra sempre lhe aplicava uma vacina, afirmando que a injeção era para gripe. Após ver as imagens, o garoto disse ter certeza de que as "vacinas" se tratavam, na verdade, de sedativos.

"Ele sempre perguntava a minha opção sexual, se me sentia traído por outros homens, se era virgem", contou. "Ele jogava para o alto sua sexualidade. Se em algum momento eu dissesse que me sentia atraído por outros homens, ele iria até o fim para conseguir alguma coisa", afirmou o adolescente.

Acima de qualquer suspeita - Dono de um currículo acima de qualquer suspeita, o pediatra, que vive no Brasil há 32 anos, formou-se pela faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em 1978 e fez diversos cursos de especialização no exterior. É membro de sociedades nacionais e internacionais de medicina voltada para adolescentes e sua presença era constante em programas de televisão e rádio.

Também é autor de vários livros e artigos sobre o comportamento jovem e seu nome é citado em inúmeras reportagens.

Vídeos - As 35 fitas de vídeos com as imagens de abuso sexual foram encontradas por um acaso por um homem que presta serviços de telefonia. Ele viu uma pessoa deixar um saco com as fitas em uma caçamba, na alameda Lorena, zona Sul da capital, e pegou o material, pensando em reaproveitá-lo.

Quando viu as cenas, procurou o SBT e a Globo. A emissora carioca enviou trecho das imagens para o Ministério Público do Estado, que pediu as demais fitas, e exibiu uma reportagem sobre o assunto nesta quinta. Já a produção do Ratinho descobriu a identificação de Chipkevitch por meio de uma revista e passou as informações ao promotor José Carlos Blat.




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