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Retomada do varejo não amplia nível de emprego na região
Niceia de Freitas
Do Diário do Grande ABC
01/05/2004 | 17:23
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A sinalização de uma recuperação sustentada do comércio varejista em função do crescimento nas vendas no primeiro trimestre, anunciado por entidades do setor, não se reflete no Grande ABC. Uma das indicações dessa realidade é o nível de emprego, que se mantém estável, sem contratações ou demissões, conforme indicam empresas do segmento. Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apontam o aumento de 1.569 pessoas admitidas no comércio de Santo André no ano passado, com a contratação de 22.078 trabalhadores contra 20.509 desligados. Mas essa diferença representa apenas um comportamento sazonal, em função de datas comemorativas, que exigem a admissão de uma mão-de-obra temporária.

Apesar do saldo positivo entre admissões e demissões no primeiro bimestre deste ano, o setor avalia que se trata de necessidade momentânea. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Santo André e Região foram realizadas 1.093 homologações em janeiro e fevereiro. No entanto, as informações da RAIS/Caged apontam duas mil contratações no mesmo período.

A construção civil é o setor que mais utiliza mão-de-obra sazonal, segundo o Observatório Econômico. No ano passado, 1.857 pessoas permaneceram nos postos de trabalho até três meses. Apenas 2,5% do total dos demitidos (82.732) permaneceram por mais de dez anos, destacando-se a indústria de transformação em primeiro lugar, com 6,9%, e a administração pública, com 6,4%.

Outro fator que pode estar ligado ao maior número de ocupações é a precarização dos postos de trabalho, resultado da combinação de estratégias empresariais voltadas às reduções de custos. Segundo dados do Observatório Econômico, boletim editado pela Prefeitura de Santo André em conjunto com a FSA (Centro Universitário Fundação Santo André), metade dos 83 mil trabalhadores que foram demitidos entre 2002 e 2003, em Santo André, tinha menos de um ano de empresa. Desse total, 73% recebiam até três salários mínimos. No mesmo período, foram admitidos 86 mil, dos quais 82% com salário de até três mínimos. O levantamento do boletim revela que os empregos hoje são em boa parte instáveis, precários e com baixos salários.

Renovação – O vice-presidente da Fecesp-regional ABC (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo), Ivan Cavassani, confirma que a substituição de empregados com salários maiores por menores é a única opção em detrimento de uma mão-de-obra qualificada. Segundo ele, a folha de pagamento é um dos maiores pesos nos custos das empresas. Ele diz que um funcionário registrado chega a representar até 120% de custos em função de encargos.

O presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo do Campo), Valter Moura, diz que altos encargos inviabilizam a contratação de funcionários. Demitir sem justa causa também é difícil, afirma, já que implica em multa de 50% sobre o valor do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Para driblar as despesas, Moura comenta que o comércio vem adotando outra prática. Os empresários estão admitindo empregados por meio de cooperativas de trabalho, que ficam encarregadas dos encargos e dos vínculos empregatícios.




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