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Lucro deles, desemprego nosso

Jornalista de primeira linha, Ricardo Sérgio Mendes costumava dizer que não se dava ao trabalho de ler proposta de mudança das leis trabalhistas

Carlos Brickmann
18/01/2009 | 00:00
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Um jornalista de primeira linha, Ricardo Sérgio Mendes, costumava dizer que não se dava ao trabalho de ler nenhuma proposta de mudança das leis trabalhistas. "Primeiro eu vejo a posição da Fiesp. Se eles forem contra, é bom para nós."

Um sábio, o Ricardo. E Paulo Skaf, presidente da Fiesp, a Federação das Indústrias de São Paulo, a maior do País, mostra que Ricardo sempre teve razão: os governos federal e estadual despejaram dinheiro nas indústrias, deram isenção de impostos até para carros importados, que não criam empregos no Brasil, abriram todas as portas para os empresários. Os empresários conversaram com centrais sindicais e conseguiram fazer com que os empregados concordassem com a redução de salários. Mas parar com as demissões, isso não: dinheiro do governo, isenções de impostos, concessões dos empregados, isso sim.

Por incrível que pareça, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, foi duro com os empresários (e, mais incrível ainda, tem toda a razão): tudo para eles, nada para os empregados? Que jantar é esse, em que muitos cozinham e poucos comem?

Lupi só não citou um detalhe: na luta para dizer que o Brasil enfrentaria só uma marolinha, o governo não planejou suas ações. Faltou, ao abrir o Tesouro aos empresários, criar algumas regras de conduta - por exemplo, o candidato ao dinheiro estatal teria de se comprometer, de alguma forma, a manter certo nível de emprego, previamente acertado. Para os empresários, aliás, o compromisso também seria bom. Desempregado não compra. E, sem compras, não há vendas.

NÃO É BEM ASSIM
Os sindicatos ficaram muito irritados com a iniciativa dos industriais, de querer tudo sem dar nada em troca. Mas a ameaça de realizar uma onda de greves não é para levar a sério. Numa situação de crise, cada empregado pensa com muito mais carinho na manutenção de seu salário; em períodos como este, a adesão às greves é baixa. Mais eficiente será a ação sindical junto ao governo, exigindo contrapartida dos empresários à concessão de recursos oficiais.

JOSÉ DIRCEU, 1 X 0
Eram cinco processos, agora são quatro: José Dirceu foi excluído pela Justiça de um processo por improbidade relacionado ao Mensalão. E tem chances de livrar dos outros: de acordo com o juiz que o excluiu do caso, o Ministério Público repartiu as acusações em cinco ações, "mas deveria ter feito somente uma". O juiz acha que, como ex-ministro, Dirceu não deveria ser processado pela Lei de Improbidade, mas pela Lei de Crime de Responsabilidade, no Supremo.

GASTA...
O governo brasileiro está criando dois novos cargos de adido militar, um na Índia, outro nos EUA (que se somaria ao já existente). Cada adido ganha algo como US$ 10 mil mensais. Hoje, o Brasil tem 101 adidos em 33 países.

...QUE O DINHEIRO É NOSSO
Definitivamente, dinheiro não é problema para o Tesouro nacional. De acordo com a Federação Nacional de Policiais Federais, a nomeação de Paulo Lacerda para adido policial em Portugal, cargo especialmente criado para abrigá-lo, é ilegal. O adido deveria ser um delegado da ativa, e Lacerda está aposentado há muito tempo. Assim mesmo foi nomeado. Ganha também seus US$ 10 mil mensais.

PEDOFILIA NO PARÁ
João Carlos Carepa, irmão da governadora do Pará, Ana Júlia, do PT, está sendo acusado de cometer violência sexual contra uma menina de 13 anos, afilhada de sua esposa. A denúncia é investigada pela Polícia estadual, e o PSDB requereu a convocação do irmão da governadora para depor na CPI da Pedofilia, na Assembleia paraense. Há outro caso de político acusado pedofilia sob investigação: envolve um deputado estadual do DEM.

DÚVIDA
O professor Washington Beraldo, leitor desta coluna, está surpreso com a notícia de que o juiz Nicolau dos Santos Neto, "Lalau", pode passar a usar uma tornozeleira eletrônica, para que se tenha a garantia de que está efetivamente em prisão domiciliar. "Só agora?", pergunta o professor. "Já deveriam ter feito isso muito antes, pois manter de cinco a seis policiais para vigiá-lo é gastar inutilmente o dinheiro público; e, também, colocar suas vidas em risco, já que estão expostos em frente à casa do juiz". Professor, este é um País rico. Aqui, Fernandinho Beira-Mar vem depor em jatinho fretado, com um grupo de policiais na escolta, mais uma comitiva de automóveis para levá-lo ao Fórum. Por que não levar o juiz à penitenciária para ouvi-lo? Sairia mais barato. E o juiz veria pessoalmente as condições da prisão.

PARECE QUE FOI ONTEM
Guaçu Piteri, ex-prefeito de Osasco, integrante histórico do MDB que se opunha aos militares, autografa depois de amanhã seu livro "Sonhar é Preciso - comunidade e política nos tempos da ditadura", com prefácio de Fernando Henrique Cardoso. Local: Praça de Eventos do Osasco Plaza Shopping, às sete da noite.




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