Renato e a mulher Letícia (nomes fictícios) amargaram um prejuízo de US$ 2,4 mil (na cotação da época, aproximadamente R$ 7,2 mil) da última viagem do casal para a Europa. O empresário comprou as passagens aéreas em uma agência, mas investiu no pacote terrestre e hospedagem através da internet. O passeio seria perfeito se Letícia não tivesse passado mal logo no início, retornando antes do previsto. Sem ter a quem recorrer para receber o restante do dinheiro pago, restou ao empresário arcar com a perda.
O caso é um entre tantos que ocorrem com pessoas que compram pacotes via internet. As vítimas preferem arcar com o prejuízo a denunciar. Segundo Elizabeth Ferraz, proprietária de uma agência de turismo, nada substitui o contato com o agente. “Quando alguém compra um pacote pela internet assina um papel em branco, porque não existe garantia de que o serviço será prestado. A agência fornece recibos, planeja toda a viagem e presta auxílio em caso de urgência”, alerta.
Já o consultor de um portal de turismo e membro da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, Gastão Mattos, tem uma posição menos radical e acredita que o mercado turístico pela rede crescerá nos próximos anos, oferecendo produtos confiáveis. “O Brasil está longe dos padrões norte-americano e europeu neste segmento. Aqui, a procura maior é para a compra de passagens aéreas. Acredito que em poucos anos teremos mais serviços”, aposta.
Enquanto o mercado se adapta, o internauta deve se precaver. O golpe mais comum é o que oferece uma semana em hotel cinco estrelas, com pensão completa, por R$ 1 mil. O “sortudo” terá, apenas, de depositar uma determinada quantia em nome de uma pessoa supostamente ligada ao hotel. Claro que o dinheiro some e a vítima fica no prejuízo.
“Como é possível alguém acreditar que pode desfrutar de um hotel cinco estrelas por esse valor? As pessoas devem desconfiar. O golpe é primário, mas funciona. Muita gente não tem o cuidado de verificar a veracidade do convite. Não é porque uma empresa está na internet, que significa ser idônea”, adverte Gastão Mattos.
Para o assessor jurídico da secretaria estadual de Justiça do Rio de Janeiro, Gustavo Fuscaldo, comprar pacotes pela internet pode ser seguro desde que se certifique a idoneidade da empresa e se tome alguns cuidados antes de fechar o pacote. “Qualquer compra pela internet deve ser cercada de cuidados. Cabe ao consumidor verificar se o site possui uma política de segurança. As lojas do Procon estão à disposição no auxílio às pessoas para verificar se existem queixas contra o site”, afirma.
O assessor confirma a existência de golpes. “A maioria dos prejudicados fica no silêncio. A partir da queixa poderíamos acionar, se fosse o caso, o Ministério Público ou a delegacia especializada. Oriento imprimir todas as informações que aparecem no computador durante a compra. Isto reduz as chances de um prejuízo”, ressalta.
A profissional liberal Cristina (nome fictício), 40 anos, pagou caro por um pacote de viagens pela internet. Inexperiente, perdeu cerca de US$ 5 mil. “Achei que seria melhor pela internet. Pesquisei e acabei escolhendo uma. Dei todos os meus dados, inclusive o número do cartão de crédito internacional. Pediram para depositar uma quantia e mais tarde receberia informações sobre o pacote, o que nunca aconteceu. Mas não registrei queixa por questões pessoais”, afirma.
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