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Usados ampliam fatia no comércio da região
Por Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
26/06/2005 | 07:58
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O comércio de produtos usados ganhou força no Grande ABC nos últimos anos, segundo empresários do setor, que apontam, em alguns casos, crescimento de até 40% nas vendas nos últimos 12 meses. Seja por modismo ou necessidade, consumidores procuram cada vez mais livros, roupas, móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos de segunda mão.

As informações dos empresários são corroboradas por dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que apontam elevação de 10% ao ano da comercialização de produtos usados.

Para o professor de administração de empresas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Maurício Morgado, especialista em varejo, é difícil analisar a ascensão de um setor sobre o qual não existem pesquisas específicas, e que não tem uma associação de empresas. "Mas mesmo sem dados concretos, avalio que o crescimento e a consolidação desse mercado se deve ao aspecto econômico, porque alguns itens são bem mais baratos que os novos", afirma Morgado.

Ele identifica mudanças de comportamento do consumidor que justificam a opção pelos usados. Segundo ele, objetos antigos passaram a ser mais valorizados - por serem únicos, alguns modelos de móveis e roupas atraem o consumidor que busca se distinguir da moda.

Outro fator que explica a nova tendência, de acordo com Morgado, é a modernização dos estabelecimentos de usados. "Hoje há mais preocupação de agregar valor ao ponto de venda. Ou seja, algumas lojas têm decoração que remetem ao passado e levam o consumidor a entrar nesse clima", diz.

De acordo com o consultor de administração geral do Sebrae-SP, Milton Fumio Bando, um dos motivos para o crescimento do comércio de usados é a queda do rendimento da população. Dados do IBGE  indicam que, entre 1996 e 2003, a população brasileira perdeu 18,9% da renda. "A retração nos rendimentos incrementa esse tipo de comércio. É notável o crescimento do mercado de usados nos últimos anos."

Um exemplo é o segmento de livros, geralmente caros para o padrão brasileiro. Segundo Frank Vidotto, dono do sebo Holos, de Santo André, o preço de um livro usado é de 30% a 50% menor que o de um novo. "Ganhando menos, as pessoas dão mais valor à economia" afirma Vidotto, que diz ter incrementado as vendas em 15% nos últimos 12 meses, e para quem o número de sebos (lojas de livros usados) e brechós (roupas usadas) dobrou na região nos últimos anos.

O empresário José Pereira Júnior, proprietário do Sebo do Marcão, com duas unidades em Santo André, acredita que empresas que comercializam itens usados crescem porque se modernizam. "Não se moderniza uma empresa só com capital, mas também com visão de mercado. Os sebos, por exemplo, precisam de organização, para se saber onde está cada item. Isso é exigência do mercado."

Dono de uma loja de móveis usados em Santo André, a Casarão Nobre, Benjamin Sneider destaca que muitos consumidores buscam móveis únicos e de boa qualidade. "Muitos procuram estantes ou armários de madeira maciça, que não são facilmente encontrados por aí. As pessoas estão resgatando o que foi utilizado no passado."

Onde encontrar - Sebo Holos (rua Siqueira Campos, 426, Santo André, tel. 4438-7845); Sebo do Marcão (travessa São João, 20, e rua Prefeito Justino Paixão, 296, Santo André; tels. 4436-8649 e 4432-4001); Casarão Nobre (rua Coronel Alfredo Fláquer, 346, Santo André, tel. 4994-0666)




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