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Palestinas mudam de postura durante a Intifada
Do Diário do Grande ABC
10/11/2000 | 13:09
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Uma adolescente, vestida com a roupa negra tipicamente palestina e a cabeça coberta com um pano branco, atira uma pedra contra um jipe do exército israelense, correndo em seguida para trás de um muro de cimento, a fim de proteger-se dos disparos dos soldados.

Numa sociedade em que de um modo geral a mulher está relegada ao lar, cenas como esta, observada nas proximidades da colônia de Kfar Darom, sao cada vez mais frequentes durante a Intifada.

``Lançar pedras nao é o papel que nós concebemos para as mulheres', declara Aitemad Muhanna, uma das dirigentes da organizaçao nao governamental ``Women's Empowerment Project'.

``Os rapazes sao mais fortes e melhores para lançar pedras do que as moças', disse, precisando que as jovens que participam no levante sao cada vez mais numerosas ``porque querem contribuir seriamente com a Intifada'.

Durante a primeira Intifada (de dezembro de 1987 aos acordos de Oslo de 1993), o movimento islamita Hamas pediu às mulheres que participassem na rebeliao apenas ``visitando os homens feridos e ocupando-se das famílias dos mártires', os palestinos mortos pelas balas israelenses.

``Desta vez, as mulheres estao decididas a desempenhar um papel mais ativo', afirma Muhanna. Malek Shubair, coordenador da ONG ``Gaza Community Health Project', estima por sua parte que ``isso será difícil, já que a sociedade palestina é muito machista'.

Explicou que as mulheres sao vítimas da violência dos homens em sua sociedade e se sentem ao mesmo tempo impotentes ante a agressao israelense.

Entretanto, Muhanna, psicóloga que dá assistência às mulheres vítimas de violência familiar ou traumatizadas pela perda de seus maridos ou filhos na Intifada, acha que as palestinas começam a rebelar-se aproveitando a Intifada.

``Nós assumimos o papel tradicional que é atender os feridos e tratar de vestir e alimentar as famílias dos mártires, mas aproveitamos a situaçao para discutir com as maes e viúvas sobre os meios de melhorar a educaçao de resistir à violência familiar e de ser mais independentes', acentua.

Dirigido por Shadia Saraaj, o ``Women's Empowerment Project' tem vários ramos de atividade, entre os quais a assistência às mulheres traumatizadas e a formaçao em informática, costura, fotografia, vídeo, cerâmica etc.

Cerca de 400 mulheres assistem atualmente aos cursos dados na Faixa de Gaza, mas a lista de espera de candidatas nao pára de aumentar desde que começou a Intifada, dia 28 de setembro.

``Ensinamos-lhes que podem ser independentes economicamente e que nao devem resignar-se à violência familiar nem à opressao política', ressalta Saraaj.

A autoridade palestina de Yasser Arafat tende a aceitar progressivamente o fato de que as mulheres assumam um papel ativo nas tomadas de decisoes, indica Muhanna, assinalando porém que só há cinco mulheres entre os 80 membros do Parlamento palestino.




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