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Fotógrafo faz genial registro da intolerância
Ricardo Ditchun
Do Diário do Grande ABC
25/03/2001 | 19:14
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Olhe para essas fotos e lembre das imagens marcantes de filmes como O Resgate do Soldado Ryan, A Lista de Schindler, Além da Linha Vermelha, Platoon e Apocalypse Now. A semelhança não é coincidência. Gente como Steven Spielberg (diretor dos dois primeiros), Terrence Malick, Oliver Stone e Francis Ford Coppola, quando quer filmar conflitos armados, fatalmente recorre à arte de Robert Capa (1913-1954), um húngaro lembrado em vida – e depois dela – como genial.

A fim de documentar parte da vasta produção de Capa, chega este mês às livrarias do país a tiragem inicial em português de Robert Capa – Fotografias (Cosac & Naify, 192 páginas, preço não divulgado). O livro reúne 160 fotos, uma seleção que atesta não só a competência artística de seu autor, mas, por meio de textos, também uma história de vida cinematográfica. Quem a conta é Henri Cartier-Bresson (Prefácio), Cornell Capa (Reminiscência de Cornell Capa) e Richard Whelan (Introdução). O primeiro, além de amigo e colega de profissão, foi sócio do fotógrafo no projeto Agência Magnum. O segundo, irmão do homenageado. Whelan é um especialista na estética capaniana.

Entre outros momentos da trama existencial de Capa, essa bela retrospectiva impressa revela que aos 25 anos de idade ele já era chamado de o maior fotógrafo de guerra do mundo. E foi assim até Capa chegar aos 40, quando morreu da mesma forma como vinha vivendo: intensa e perigosamente. Em maio de 1954, acompanhando uma escolta francesa em Namdinh, na Indochina, durante a guerra com a França, pisou em uma mina e seu corpo explodiu.

Amigo de uma tribo eclética que abrigava Picasso, Matisse, Hemingway, Truman Capote, Gary Cooper, entre outros, o charmoso Capa gostava de ser repórter, de jogar, de se apaixonar por belas mulheres, de beber e de ser amável com as pessoas. Apreciava transformar os períodos de paz que experimentou em poemas visuais tão marcantes como as cenas de sofrimento causadas por nossos deslizes de intolerância.




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